A polêmica deste final de semana, em Marabá, envolve o prefeito Tião Miranda e o deputado estadual e ex-vice-prefeito do município, Toni Cunha. No centro da discussão, o aparente desinteresse de Miranda em receber um tomógrafo que Cunha pretendia destinar ao Hospital Municipal de Marabá. "Aceitem, pois pessoas estão morrendo por isso", escreveu Cunha no Facebook, na postagem em que afirma estar sendo atacado nas redes sociais por insistir em cobrar de Tião que se manifeste dizendo se, afinal de contas, quer ou não o equipamento.
O desinteresse de Tião Miranda pelo tomógrafo de Toni Cunha tornou-se público nesta quinta-feira (23), quando Cunha divulgou um ofício que enviou ao prefeito de Marabá, no dia 13 de maio deste ano, no qual pede que, dentro de cinco dias, a prefeitura de Marabá se manifestasse sobre o interesse em receber o equipamento. Os cinco dias passaram e se transformaram em dez. Cunha, então, resolveu reiterar o pedido de manifestação, mas até agora Tião Miranda nada disse de forma oficial.
Diante das muitas críticas recebidas, através de grupos de WhatsApp e nas redes sociais, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura chegou a argumentar afirmando que não haveria necessidade de aceite por parte do município. Bastaria Cunha destinar o recurso que o equipamento seria adquirido e entregue. Mas, Cunha garante que a informação não procede.
Em seu perfil no Facebook, Cunha escreveu: "estou dando ao município o equipamento através de emenda. É preciso que a gestão aceite, pois o equipamento será destinado em termo de cessão de uso, comprado pelo Estado, através de emenda por mim destinada. O gestor municipal tem que assinar, vez que é um ato bilateral (sic)".
Toni Cunha lembra que o tomógrafo é "um equipamento fundamental na emergência de um hospital que, atualmente, não tem sequer ultrassom".
Seguindo em seu texto, Toni Cunha chega quase a implorar que haja o aceite e, apesar de não citar nominalmente o gestor municipal, aponta a notória vaidade de Tião Miranda como razão para o desinteresse.
"Aceitem, pois pessoas estão morrendo por isso. Não sejamos pequenos, vaidosos. Não sou obrigado a tolerar lacunas absurdas na administração pública por ter sido vice-prefeito. Meu compromisso é com o povo. Sempre pedi esse tomógrafo, agora vou dar, como já teria dado antes se tivesse conseguido, como vice-prefeito. (...). Melhor aceitarem ajuda e procurarem resolver o problema. É isso que se espera de homem públicos compromissados com o povo. É assim que vou me portar", diz Cunha.
Não é a Primeira Vez
Essa não é a primeira vez que Tião Miranda não demonstra interesse em investir ou receber recursos de adversários políticos. No dia 18 de novembro de 2018, o Ministério da Integração Nacional cobrou oficialmente da Prefeitura de Marabá a execução das obras de complementação da Orla de Marabá, recurso conseguido pelo então deputado federal Beto Salame (Progressistas) e liberado por Helder Barbalho, que exercia o cargo de ministro da Integração Nacional.
A verba foi liberada e depositada em conta própria, ficando à disposição da Prefeitura de Marabá, desde o dia 23 de março de 2018. A verba continua lá e a obra jamais foi executada.
Beto Salame e Helder Barbalho - na foto acima, ladeando o prefeito de Marabá - estavam no polo oposto a Tião Miranda. Tião apoiava o governador tucano Simão Jatene e seu candidato ao governo do Pará, o derrotado Márcio Miranda. A execução de uma obra estratégica e extremamente relevante para Marabá, infelizmente, acabou sendo adiada por conta dessa desavença política.
Quem conhece um pouco da história de Tião Miranda não consegue se espantar com essas atitudes.
Durante as articulações a favor do Plebiscito de 2011 que visava criar o Estado do Carajás, Tião foi convidado por diversos líderes a comandar o processo. Aliado de Jatene, Tião se omitiu. Disse "não" ao movimento que visava reordenar o território paraense. Depois, foi convidado para ser responsável pela arrecadação financeira do movimento pró-Carajás, mas também recusou. Ficou conhecido como o "Tião do Não". Em 2012, foi fragorosamente derrotado por João Salame Neto, que comandou a Frente pela Criação do Carajás e confrontou o então governador Simão Jatene.
Nessa nova passagem pela Prefeitura de Marabá, Tião tem sido incensado e apresentado como "grande gestor", mas, ao que parece continua dizendo não. Não à Orla, não ao tomógrafo. Não precisa ser vidente para imaginar que a população espera que Tião aceite o tomógrafo de Cunha e construa a Orla. Espera-se que afinal, o Tião do Não, diga sim! Mas, a esperança é pouca.
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