A ativista brasileira Sabrina de Campos Bittencourt, que ganhou notoriedade recentemente por auxiliar mulheres que relataram abusos do médium João de Deus, tirou a própria vida neste sábado (2), em Barcelona, Espanha. Sabrina postou uma mensagem em tom de despedida em seu perfil no Facebook antes de cometer suicídio, como foi confirmado por nota da ONG Vítimas Unidas, com a qual a brasileira trabalhava. "A ativista cometeu suicídio e deixou uma carta de despedida relatando os porquês de tirar sua própria vida", informa a nota, segundo a qual a morte ocorreu às 21h de sábado.
O grupo solicitou que os amigos não tentassem entrar em contato com a família, porque "dois dos três filhos de Sabrina ainda não sabem do ocorrido e o pai, Rafael Velasco, está tentando protegê-los". "A luta de Sabrina jamais será esquecida e continuaremos, com a mesma garra, defendendo as minorias, principalmente as mulheres que são vítimas diárias do machismo", finaliza a nota.
Sabrina foi uma das criadoras do movimento Coame, que combatia o "abuso no meio espiritual" ao concentrar denúncias contra abusos cometidos por padres, pastores ou gurus — além de João de Deus, o grupo também contribuiu em denúncia contra o guru Prem Baba. A ativista, que contava ter sido abusada desde o quatro anos por religiosos Mórmon, relatava com frequência que era alvo de ameaças de morte e se dizia em "autoexílio" por conta delas, mudando de casa com frequência, às vezes "a cada dez dias", segundo entrevista do fim do ano passado para o site da revista Marie Claire.
Em sua última mensagem publicada no Facebook, Sabrina Bittencourt menciona a vereadora assassinada Marielle Franco. "Marielle me uno a ti. Somos semente. Que muitas flores nasçam dessa merda toda que o patriarcado criou há 5 mil anos! Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês. Perdão por não aguentar, meus filhos", escreveu. A mensagem não está mais disponível em seu perfil no Facebook.
Um de seus filhos, Gabriel Baum, postou uma mensagem em seu perfil na mesma rede social para homenagear a mãe e dizer que Sabrina "passou o ano todo me preparando, mas nunca estamos preparados mesmo". "Ela fez mais de 300 vídeos com todas as instruções. Deixou tudo com provas, organizado, tem um pacote de cartas. Ela não queria ser morta nem pelas quadrilhas nem pelo câncer", escreveu, dizendo que estava com sua mãe quando Marielle foi morta e que ouviu dela: "Filho, a próxima sou seu, mas estaremos sempre presentes". Em relato publicado na Marie Claire em dezembro de 2018, a ativista afirmou que tratava um câncer no sistema linfático.
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