A Escola Família Agrícola Jean Hébette, ou como é mais conhecida, EFA Marabá, começou suas atividades nos efervescentes anos 90. O Sul do Pará vivia um de seus períodos mais conturbados quando, em março de 1996, alguns poucos ativistas resolveram "meter os peitos" e construir uma escola voltada aos filhos dos colonos. Desde lá, vivendo os altos e baixos próprios das iniciativas oriundas dos movimentos populares, a EFA Marabá se mantém viva e agora está ganhando novos parceiros e a rede de lojas Casa da Roça é um deles.
A Casa da Roça, uma das empresas mais tradicionais do ramo de venda de produtos agropecuários da região, participou de uma reunião para conhecer o projeto da EFA Marabá e resolveu apoiar a escola. Na quarta-feira (13), como primeiro ato de parceria, entregou uma roçadeira Sthil 220 para ajudar na manutenção das unidades produtivas da escola.
Um dos fundadores da EFA Marabá, Damião Santos não desiste da ideia de garantir aos jovens campesinos acesso à educação. No caso, educação que esteja em sintonia com as vivências dos próprios alunos. "Ter uma escola do campo é um direito, uma escola que visa a formação integral e o desenvolvimento rural sustentável, com inclusão na agroecologia. Uma escola pública camponesa", disse tempos atrás em uma entrevista à Rede Brasil Atual.
Claro que não é fácil manter a escola funcionando, mas desde os anos 90 muita coisa melhorou. Hoje a EFA Marabá conta com suporte da Prefeitura Municipal e busca parcerias com empresas para continuar atendendo seus oitenta alunos, vindos de sete municípios da região próxima a Marabá. São necessários muitos apoiadores para manter estruturas como aviário, pocilga, piscicultura, viveiro de mudas e horta medicinal.
Em novembro passado, uma reunião colocou frente a frente a EFA, a Secretaria Municipal de Educação de Marabá (Semed) e uma dúzia de representantes de empresas que atuam em Marabá e região, entre as quais a mineradora Vale. Todos queriam conhecer a chamada "Pedagogia da Alternância", a matriz pedagógica que norteia a EFA.
A Pedagogia da Alternância estabelece que os alunos devem estudar em tempo integral durante quinze dias na escola, em regime de internato. Nos quinze dias seguintes, esses alunos retornam para suas casas, onde deverão aplicar e transferir o conhecimento adquirido para seus familiares. A estratégia cumpre dois objetivos: permite a consolidação do conhecimento nessa relação teoria e prática ao mesmo tempo em que leva novos conhecimentos e novas técnicas de manejo aos colonos em suas roças.
Os representantes das empresas gostaram do que ouviram e as parcerias começam a aparecer.
Damião Santos, que dirige o Instituto de Promoção Ecológica e Social (IPES), responsável pela atração de parceiros para a EFA Marabá, afirmou que as parcerias permitem acreditar ser "possivel produzir conhecimentos e alimentos agroecológicos a partir da Pedagogia da Alternância da EFA”.
Para completar a safra de boas notícias, a secretária municipal de Educação, Marilza Leite informou que este ano a EFA passará por uma ampla reforma na estrutura física e receberá novos equipamentos. Os recursos foram viabilizados graças às emendas dos vereadores Ilker Moraes e Beto Miranda, que também são parceiros da escola.
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