29 de janeiro de 2019

Vale vai "esvaziar" barragens com alteamento à montante. Operações serão paralisadas em dois complexos. Vale não fala em demissões. Acionistas ajuízam reclamação em NY



A mineradora Vale informou na noite desta terça-feira (29) que apresentou a autoridades brasileiras seu plano para descomissionar todas as suas barragens construídas pelo método de alteamento a montante.

Esta é uma das medidas tomadas pela companhia após a ruptura da barragem da Vale, na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), no que pode ser considerado o maior desastre da mineração no Brasil. Até agora foram confirmadas 84 mortos e 276 ainda estão desaparecidos.

 

O descomissionamento é o esvaziamento de todo o conteúdo, com reaproveitamento e destinação final do resíduo ou rejeito existente em cada barragem, com recuperação da cobertura vegetal.

O plano apresentado às autoridades brasileiras pretende reintegrar as áreas das barragens ao meio ambiente. A Vale possui 10 barragens construídas pelo método de alteamento a montante, todas inativas, ou seja, não recebem mais resíduos ou rejeitos. 

Segundo a nota emitida pela companhia, "todas as barragens da Vale apresentam laudos de estabilidade emitidos por empresas externas, independentes e conceituadas internacionalmente".



A Vale estima que serão necessários investimentos em torno de R$ 5 bilhões para o descomissionamento das barragens a montante. O processo de descomissionamento será executado ao longo dos próximos 3 anos.

Para a realização das obras de descomissionamento das barragens a montante com segurança e agilidade, a Vale paralisará temporariamente a produção das unidades onde as estruturas estão localizadas. 

as operações de Abóboras, Vargem Grande, Capitão do Mato e Tamanduá, no complexo Vargem Grande, em Carrancas (MG) e as operações de Jangada, Fábrica, Segredo, João Pereira e Alto Bandeira, no complexo Paraopeba, também em Minas Gerais.



As plantas de pelotização de Fábrica e Vargem Grande também serão paralisadas. Ainda segundo a nota da mineradora "as operações nas unidades paralisadas serão retomadas à medida que forem concluídos os descomissionamentos".

A Vale avalia que o impacto causado pelas paralisações sobre a produção será da ordem de 40 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, incluindo neste número o pellet feed necessário para a produção de 11 milhões de toneladas de pelotas. 

A mineradora acredita que o impacto será compensado através do aumento de produção em outros sistemas produtivos da companhia.

Por enquanto, a Vale não fala em demissões. Segundo a manifestação da companhia, "a expectativa da Vale é reaproveitar todos seus colaboradores atualmente lotados nas operações que serão paralisadas".



Reclamação em Nova Iorque


Nesta segunda-feira (28), compradores de ações da Vale, ajuizaram uma Reclamação, no Tribunal Federal do Distrito Leste de Nova Iorque. Este costuma ser o primeiro passo para instauração de uma ação por perdas e danos. 

Neste caso, a ação seria em nome coletivo e teria como réus, o diretor-presidente da Vale, Fábio Schvartsman e seu diretor executivo de Finanças e Relação com Investidores Luciano, Siani Pires. 

Na Reclamação, os querelante alegam violações aos artigos 10(b) e 20(a) da Lei de Valores Mobiliários americana de 1934. 

Dizem que, entre outros coisas, a Companhia teria feito declarações falsas e enganosas e se omitido em divulgar os riscos e danos potenciais no caso de um rompimento da barragem de Feijão em Brumadinho (MG). 

Segundo, nota à imprensa divulgada pela companhia, a "Vale pretende se defender de forma vigorosa de todas os pedidos feitos na Reclamação".

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