No jornal O Globo, hoje (12):
Ricardo Teixeira não é mais presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nem do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014. A carta de renúncia dos dois cargos foi lida nesta segunda-feira pelo presidente em exercício da CBF, José Maria Marin, que vai assumir as duas funções. A notícia surpreendeu porque quatro dias atrás Teixeira tinha pedido licença da CBF por 60 dias, alegando problemas de saúde. Teixeira ocupou a presidência da CBF por 23 anos e dois meses, desde janeiro de 1989. Nesses anos a seleção brasileira conquistou as Copas do Mundo de 1994 e 2002 e o Brasil ganhou o direito de sedir a Copa de 2014, mas o presidente foi alvo de suspeitas de corrupção e de contrabando (no episódio conhecido como “voo da muamba”, quando a seleção regressou dos Estados Unidos, em 1994, com o tetracampeonato mundial).Durante o anúncio da renúncia, na sede da CBF, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, estavam presentes quase todos os presidentes das federações. "Deixo definitivamente a presidência da CBF com a sensação de dever cumprido", diz um trecho da carta de despedida de Teixeira. "Presidir paixões não é uma tarefa fácil. Futebol em nosso país é associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos, exaltam o talento. Quando perdemos, a desorganização. Fiz o que estava ao meu alcance. Renunciei à saúde. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias", prossegue o texto.Na quinta-feira passada Teixeira tinha pedido licença da presidência da CBF e deixado Marín, o mais velho (79 anos) de seus cinco vice-presidentes, interinamente no cargo. Pouco antes do carnaval, período em que a CBF esteve de recesso, ele viajou para Miami, no Sul dos Estados Unidos, onde tem casa. Enquanto esteve fora cresciam rumores de que ele se afastaria da presidência da CBF. Os boatos foram motivados por novas denúncias de corrupção contra o dirigente, por conta de investigações sobre superfaturamento no amistoso entre as seleções de Brasil e Portugal em Brasília, em 2008. Teriam surgido indícios de que a empresa envolvida na promoção do amistoso, a Ailanto, da qual o presidente do Barcelona, Sandro Rossel, é sócio, passara cheques para Ricardo Teixeira, assinados por Vanessa Precht, uma das sócias da companhia. Em março de 2009, segundo denúncia do jornal "Folha de São Paulo", Vanessa firmou contrato para arrendar a fazenda de Teixeira em Piraí, município do interior fluminense, em nome de uma empresa subsidiária da Ailanto. A descoberta dos cheques nominais levou a polícia a concluir que existe um vínculo entre Teixeira e a Ailanto, acrescentou o jornal. O amistoso em Brasília custou R$ 8,5 milhões aos cofres públicos.
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