28 de dezembro de 2011

Sobre a criação de Carajás e Tapajós, uma saudável divergência!


Os melhores comentários nem sempre são os concordam com o que penso, mas aqueles que instigam e estimulam o debate.
Este é o caso do comentário enviado pelo Vicente Reis em função do post "O Pará declara guerra contra Belo Monte. E tu não vais te alistar, "caboco"?" , mas por ser tão abrangente serve para que eu exponha as razões que motivam a defesa de Carajás e Taapajós e as críticas, às vezes ácidas, que faço ao governo tucano. Ele de azul e eu, claro, de preto! Avaliem ao final. 
Isso já está ficando chato, sabia? O Jatene foi contra o "SIM"? Ele é governador do Estado do Pará. Você achou o que?
Bom, Vicente, não posso concordar que fustigar um governo pífio e sem programa algum, que conta apenas com um discurso calcado no senso-comum, seja chato. Chega a ser bem divertido ver o esforço de Jatene e corriola para parecerem intrépidos defensores do Pará quando foram OMISSOS nas discussões mais importantes para o estado em um passado não tão distante.
Agora, tocas em uma questão crucial. O direito de Jatene opinar no Plebiscito.
Cabe aqui uma rápida retrospectiva.
Desafio você a encontrar em todos os mais de 200 textos que escrevi neste blog sobre Carajás e Tapajós, um miserável parágrafo no qual defendesse o cerceamento deste direito ao Jatene ou que sequer pedisse sua isenção ou neutralidade!
Isso, meu caro, não fiz em tempo algum.
Desde os primeiros textos afirmei que JATENE NÃO ACEITARIA PASSAR PARA A HISTÓRIA COMO O GOVERNADOR QUE "PERDEU" O ESTADO. E QUE FARIA TUDO PARA IMPEDIR A CRIAÇÃO DE CARAJÁS E TAPAJÓS.
Não sei se fui o primeiro ou o único a escrever isso claramente. Não me importa esse laurel. Apenas gosto que LEMBREM DO QUE ESCREVI.
Mas, não era admissível (e também escrevi isso!) que Jatene fizesse discurso de "magistrado", "isento", "preocupado com chagas e feridas", ao mesmo tempo em que dava suporte político para a campanha mais mentirosa e despida de argumentos desde a célebre "guerra" entre Barata e Assumpção nos anos 40/50 do século passado!
Tiveram meu respeito aqueles que posicionaram-se de forma inequívoca contra ou a favor da ideia. Mas, aqueles que esconderam-se debaixo do manto da "neutralidade" para fazer seus argumentos triunfarem graças à força de seu cargo, só podem receber de mim  e de 1.200.000 eleitores (e o resultado do Plebiscito mostra isso), o repúdio e a crítica. Mesmo destino aguarda os omissos. Reconheço que estou devendo uma vista d'olhos nestes trânsfugas. Cuidarei desses insensatos no devido tempo. 
Discordo das ideias de Jatene sobre o Plebiscito, porém, discordo ainda mais do comportamento dele durante o Plebiscito! Aqui, estamos em sede de discutir não apenas razões, mas posturas, separando as corretas das demais! Achei que sendo governador do Pará, Jatene se comportaria como tal. Infelizmente, eu estava errado!
Diga que se tivesse sido 2 anos antes, a Ana Júlia, teria ido pras ruas, como governadora do Pará, dizer "Divide!"??? 
Eu poderia siar pelo caminho mais fácil e responder de forma arrogante que não sou adivinho para saber o que aconteceria "se". Mas, você, é óbvio não merece isso. Então, digo a você que concordo com menos de 20% do que pensa Ana Júlia, mas a tenho em alta conta no quesito coragem. Quem lê o que escrevo sabe que uma das coisas que critico, vez por outra, na Ana é a agressividade, às vezes excessiva, nos debates. Ela ainda guarda o cacoete de líder sindical e tem momentos que exagera na dose. Mas, não lhe falta coragem. Sei que Ana era (e é) contra a criação de Carajás e Tapajós, mas ela DEIXOU SEMPRE BEM CLARO ESTE POSICIONAMENTO. Arrisco dizer que Ana, governadora, desde o início falaria a todos ser contrária à divisão, liberaria a base e encararia o debate. Você, inteligente como demonstra ser, saberá concluir sozinho que é um milhão de vezes mais justo e honesto aquele adversário que tem a coragem de mostrar a cara, do que aquele que "dá o tapa e esconde a mão"!
Você, de forma maldosa, coloca todos no mesmo saco.
Preciso discordar de novo. SEMPRE dei nomes aos bois! Jamais generalizei responsabilidades. As lideranças do "Não" foram devidamente identificadas e dissecadas em diversos textos que estão espalhados aqui no blog. Não há maldade em confrontar ideias e mostrar-lhes os erros. Caberia perguntar por que não detive-me em apontar os erros da turma do "Sim". Por óbvio, era desnecessário. Havia centenas de outros escribas dedicados a esta tarefa, alguns, e isso é muito triste, remunerados com DAS do Governo do Pará!
O maior articulador do "NÃO" era petista (Puty).. Por que não generaliza essa corja também? 
Você refere-se ao Claudio Puty. Sinceramente, não vi no deputado a postura de líder inconteste contra Carajás e Tapajós. Puty participou de alguns debates e teve comportamento aceitável. Fez a defesa da sua posição sem ceder à tentação autoritária de demonizar os contrários. Seus argumentos, fracos como todos os demais, foram devidamente contestados e rebatidos por mim aqui no blog e nos debates por nossos representantes. Quanto às generalizações, como já disse acima, aqui não!
Ou você também acha o governo do Darci (Parauapebas) o melhor da região??
Tive o prazer indescritível de morar em Parauapebas por mais de 18 anos. Neste período, acompanhei a gestão dos três últimos prefeitos. O mais fraco deles foi, sem dúvida, Chico das Cortinas. Bel Mesquita e Darci Lermen equivalem-se. O cargo de prefeito de Parauapebas é ingrato. Diante de um orçamento quase bilionário tudo o que eventualmente fizer será sempre ignorado em detrimento do que deixar de fazer. Mas, o povo elegeu e reelegeu Darci. O homem derrotou Faisal Salmen, à época uma lenda na cidade. Na reeleição confrontou Bel Mesquita e a venceu por uma margem ainda maior de votos. Devo contestar a vontade popular? Daqui a pouco o eleitorado de Parauapebas poderá julgar, nas urnas, o segundo governo de Darci. Desconfio que, mesmo com desempenho inferior ao que poderia ter tido, Darci seguirá sendo um forte carreador de votos para o candidato que decidir apoiar. Isso é significativo, não achas?
O PT é um antro de ladrões.
Quem está generalizando, agora? Olha, querido, realmente é um perigo tentar colocar todos em um só balaio e amarrar a boca. Sendo verdade o que dizes, estaremos diante de um caso de polícia e não de política. Garanto a você que cada falcatrua que eu souber e puder apurar irá parar nas páginas deste blog, mas não posso concordar com uma afirmação dessas, pelo simples motivo que isso não é verdade. Desvios, bandalheiras e maracutaias existem em qualquer coletivo humano. Vê lá se vou afirmar que o PSDB é um antro de ladrões apenas por conta das denúncias de terem construído um propinoduto no tempo das privatizações! Eu, não! Generalizar, concordamos, é um perigo, não é mesmo? Gente boa e honesta existem em todo lugar. Cabe ao eleitor saber escolher.
Pessoas que há 10 anos eram professores indo trabalhar de bicicleta, com camisas de colarinho puído e agora ostentam carros de mais de 100 mil reais e fazendeiros (ou "roça", como gostam de dizer por aqui). Faça-me o favor, companheiro.
Olha, caro amigo, tenho pelo Estado Democrático de Direito uma devoção absoluta. Creio que a alternativa a ele é a barbárie e, para mim, a barbárie não é opção válida. Sempre que vejo uma assertiva como a sua cresce em mim a certeza que o remédio para curar os males da democracia é... mais democracia. Somente a democracia permite que instrumentos de controle social sejam usados para expurgar da vida pública os políticos ladrões. Fortunas e impérios foram construídos de forma escusa à sombra da Ditadura. Hoje, já avançamos muito no combate às ratazanas e cupins que dilapidam o patrimônio público e roubam o nosso dinheiro. Mas, é preciso avançar ainda mais. Ocorre que isso não pode ser feito por decreto. É um processo longo, do qual pessoas como você, acredito, podem e devem participar denunciando a bandidagem, cobrando investigações e exigindo punições. 
Todos manipulando o sentimento do povo carajaense com interesses escusos, tanto lá (Belém), como cá (Carajás).Os de lá, querem nos colonizar, os de cá querem apenas consolidar (ou criar, conforme o caso) seus currais eleitorais.
Licença para divergir! Se interesses escusos existiram neste plebiscito ficaram do lado "de lá" da cerca! Nossos interesses eram claros e explícitos! Queríamos (e queremos) Carajás e Tapajós por ser esta a proposta capaz de garantir o desenvolvimento de todo o território do Pará atual. E a mensagem foi, de acordo com os votos depositados nas urnas, devidamente entendida por mais de 97% de nossos eleitores! "Os de lá", como você diz, achavam que eram nossos conquistadores. Mostramos a eles como é que a banda toca por aqui, não concordas? Ademais, digo a você que a democracia representativa é feita através da inserção de representantes dentro de um determinado colégio eleitoral. "Currais" costuma ser definição daqueles colégios eleitorais dominados por um chefete local. Isso não se aplica à região de Carajás. Tomando Parauapebas como exemplo, mesmo tendo reelegido Darci, do PT, com grande folga, o eleitorado da cidade, dois anos depois, deu a Jatene, do PSDB, uma enorme vitória, a primeira desde a reeleição de Almir Gabriel em 1998!
Em tempo: Não. não sou nem PSDB, nem PSOL.
Parabéns, companheiro. Continue sendo você mesmo! Questionar e contrapor são sintomas claros de inteligência e cidadania! E continue lendo o blog e, por suposto, contrapondo sempre que necessário! Feliz 2012!

Nenhum comentário:

Postar um comentário