Semana corrida e a gente acaba negligenciando as tarefas de casa.
Hoje é dia de "ser marido", ou seja, dia de dar banho na cachorrinha, limpar o quintal, resolver o problema da lâmpada da área que, por artes do demônio, só acende quando quer, enfim, cuidar das coisas prosaicas que fazem a vida ter algum sentido.
Mas (tem sempre um “mas” em toda história), tenho que quebrar a promessa.
Vejam bem, o Diário recebeu recentemente delegação das frentes pró Carajás e Tapajós. Comprometeu-se a realizar uma cobertura “equilibrada” do plebiscito.
Mas, parece que se arrependeram
O Diário do Pará deste domingo publica na página A6 entrevista com Carlos Augusto Silva Souza, apresentado como economista e doutor em ciência política (da UNAMA, é verdade).
A manchete “Divisão não tem viabilidade econômica ou social” não deixa dúvida de que lado o vento sopra lá pelas bandas da redação da gazeta dos Barbalho. E não gosto nada disso.
Trabalho aqui com palavras. Por conta disso tenho por elas o maior respeito. Acredito que cada palavra carrega, além do simbolismo, uma forte carga ideológica e que as escolhas das palavras espelham os compromissos do escritor. Assim, o nazista dizia “solução final” enquanto o humanista grafava “holocausto”, entenderam?
O Diário poderia ter incluído a expressão “para economista da Unama...” ou “segundo pesquisador...”
Seria o comportamento correto.
Infelizmente, o Diário optou pela “editorialização da matéria”, ou seja, a manchete remete a um axioma e, como todo axioma, irretorquível.
O problema que a matéria está longe de ser incontroversa. Tanto é assim que O Povo foi convocado para decidir e em 11 de dezembro estará diante da urna para julgar a causa.
Quando um órgão de imprensa, seja um jornalão ou um panfleto de escola opta por essa linha precisa descartar rapidamente o discurso da "isenção e equilíbrio". Tem que deixar claro ao leitor que tornou-se correia de transmissão de um dos lados na demanda.
O jornal tem o direito de escolher qualquer lado ou até mesmo lado algum. Mas, o leitor tem o direito de ser informado disso.
A tentativa de dar foro de verdade àquilo que a toda evidência é tão-somente opinião (e em alguns casos, torcida mal intencionada) do entrevistado, corrói a credibilidade do Diário e demonstra mais uma vez que só ingênuos acreditam em isenções. NINGUÉM (nem este blog) é isento ou neutro. O que nos difere é a opção por camuflar ou não nossos compromissos.
A entrevista do economista da UNAMA comento amanhã (as lacunas são enormes e serão devidamente exploradas usando o relho no lombo do insensato), mas acredito ser relevante entender que com a proximidade do plebiscito serão intensas essas tentativas grosseiras de manipulação.
Bem, agora, de volta às coisas boas da vida que D.Nega já me chama para jogar água na área...
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