Dilma Ferreira Silva foi assassinada na madrugada desta sexta-feira (22), na região limítrofe entre os municípios de Baião e Tucuruí, região sudeste do Pará. Dilma era uma das lideranças regionais do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização que luta pelo reconhecimento de direitos às populações ribeirinhas que habitam as áreas de influência de grandes projetos minerários e hidrelétricos por todo o país.
Em nota divulgada esta tarde, a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), confirmou o assassinato da militante. Além de Dilma Ferreira, foram assassinados também Claudionor Amaro Costa da Silva, 42 anos e Hilton Lopes, 38 anos, nascido em Baião. Eles estavam no Projeto de Assentamento Salvador Allende, distante cerca de 60 km do centro de Tucuruí.
Na casa onde os corpos foram encontrados também funcionava um pequeno comércio e estava completamente depredada. Dilma foi encontrada morta em sua cama, enquanto as outras duas vítimas estavam em frente ao comércio.
As investigações estão a cargo da Superintendência de Polícia Civil de Tucuruí e as motivações do triplo homicídio ainda são desconhecidas. Até o início da noite de hoje, os policiais destacados para investigar a cena do crime ainda não haviam retornado à sede do município.
Área de Conflito
O assentamento Salvador Allende está instalado onde era a antiga fazenda Piratininga, ocupada pela primeira vez em 2007 e desapropriada em 2011. O pecuarista Renato Lima alegava ser o proprietário da gleba, mas averiguações feitas pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), comprovaram que se tratava de mais um caso de grilagem de terras públicas.
Segundo o site Brasil de Fato, após denúncia do MAB, Helder Salomão (PT/ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), cobrou que Helder Barbalho, governador do Pará, Ualame Machado, secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, e Gilberto Martins, procurador-geral de Justiça, tomem providências o mais rápido possível para apurar o assassinato.
Helder Barbalho e Ualame Machado, em viagem a Santarém, até o momento não se pronunciaram sobre o assassinato de Dilma Ferreira.
Em nota publicada no site da Câmara dos Deputados, Salomão ainda solicitou no documento enviado aos demais membros da CDHM, que a comissão seja informada de todas as ações tomadas para apurar o crime. “Considerando as informações preliminares, podemos dizer que possivelmente os crimes são uma reação à luta dessas pessoas pelos direitos humanos”, afirma o deputado
Salomão reforça que a Comissão tem a atribuição de receber, avaliar e investigar as denúncias relativas a qualquer ameaça ou violação de direitos humanos. "Além disso, o assassinato de defensores de direitos humanos é uma grave violação dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na Assembleia Geral das Nações Unidas”, frisa o deputado.
MAB pede Agilidade na Apuração
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também se manifestou, denunciando o assassinato de Dilma e seus companheiros. Segue a nota do MAB.
O Movimento dos Atingidos por Barragens está denunciando o assassinato de atingidos pela barragem de Tucuruí no Pará. Entre os atingidos está Dilma Ferreira Silva, da Coordenação Regional do MAB em Tucuruí.
Em 2011, Dilma participou de audiência com a presidenta da República Dilma Rousseff, entregando um documento onde pedia uma política nacional de direitos para os atingidos por Barragens e atenção especial as mulheres atingidas.
Segundo informações preliminares, a liderança foi assassinada junto ao esposo e familiares. O MAB ainda não sabe ao certo o numero de pessoas assassinadas e nem os motivos do crime.
O assassinato de Dilma é mais um momento triste para a história dos atingidos por barragens, que celebravam no dia de hoje o Dia Internacional da Água.
O MAB exige das autoridades a apuração rápida deste crime e medidas de segurança para os atingidos por barragens em todo o Brasil.
Queremos águas pra a vida, e não para a Morte!
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