1 de novembro de 2018

Justiça Federal determina suspensão de concessão para Ferrogrão por falhas graves no Diagnóstico Ambiental


Usando o já muito famoso "ctrl C - crtl V" e imagens tiradas do Google Earth, os técnicos da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, montaram o Diagnóstico Ambiental que daria suporte à EF-130, conhecida como Ferrogrão, um colosso com mais de 900 quilômetros de extensão que ligará Itaituba, no Pará, a Sinop, no Mato Grosso e está orçada em mais de R$ 10 bilhões. Quando estiver em operação, a Ferrogrão deverá transportar anualmente mais de 30 milhões de toneladas de grãos.

Por conta disso, a Justiça Federal em Belém avaliou que tão grande obra não poderia ser autorizada com base em estudo ambiental digno de trabalho escolar de nível fundamental e ordenou que a  (ANTT) paralise o procedimento de concessão da Ferrogrão. A determinação foi expedida no último dia 24 de outubro pelo juiz Arthur Pinheiro Chaves, da 9ª Vara da Justiça Federal em Belém, nos autos do processo nº 1003317-65.2017.4.01.3900.

A ferrovia deve afetar comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas entre o Mato Grosso e o Pará e para o juiz, é “temerária a continuidade do processo para concessão, diante da possibilidade concreta de que o ‘diagnóstico ambiental’, na forma em que se encontra, sirva de base para outros estudos ou para o próprio licenciamento ambiental, contaminando todo o processo com seus vícios de conteúdo”.

O diagnóstico apresentado tem falhas consideradas graves pela Justiça, como omissão das comunidades quilombolas afetadas e cópia de trechos de estudos feitos para as hidrelétricas da bacia do Tapajós. O relatório “Diagnóstico Ambiental”, apresentado pela ANTT, tem outros problemas apontados na decisão judicial: utilizou imagens do Google Earth como ferramenta de diagnóstico, deixou de realizar estudos técnicos prévios essenciais, não trouxe entrevistas com moradores, não levantou vestígios culturais e arqueológicos no traçado da ferrovia.

A ação contra a Ferrogrão foi proposta inicialmente pelo Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado do Mato Grosso. Como a entidade não tem legitimidade legal para questionar o procedimento da ANTT, o Ministério Público Federal (MPF) no Pará pediu para integrar o processo no polo ativo, ou seja, passou a ser titular da ação judicial. O juiz aceitou, retirou o sindicato do processo e concedeu a liminar.

Além de suspender o procedimento de concessão, o juiz notificou os estados do Pará e do Mato Grosso, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para se manifestarem se querem fazer parte do processo judicial.

A decisão ordena que seja feito um novo diagnóstico ambiental na área afetada, entre os municípios de Sinop (MT) e Itaituba (PA) e, até lá, todos os procedimentos da Ferrogrão ficam suspensos, inclusive as audiências públicas já realizadas.

As informações são da Procuradoria da República no Pará

Íntegra da decisão

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