Um das atrizes mais talentosas de sua geração. Um diretor que desde os anos 80 busca a desconstrução do teatro tradicional. Um autor icônico da literatura inglesa do Século Treze. Coloque tudo isso em cena e você terá a "Mulher de Bath", peça estrelada por Maitê Proença, dirigida por Amir Haddad e com texto de Geofrey Chaucer. A peça, encenada desde janeiro deste ano, fará uma curta turnê pelo Sul do Pará. Dia 8, Maitê estará em Parauapebas e dia 10 em Marabá.
Maitê, aos 60 anos de idade e comemorando 40 anos de carreira, pode ser considerada uma diva da dramaturgia nacional. Atriz de cinema, teatro e tv, escritora, apresentadora, Maitê é multimídia e multitalento. Capaz de permanecer produtiva - e linda - por tanto tempo, é uma artista completa que, desde 1979, ano da estreia na novela Dinheiro Vivo na extinta TV Tupi, até hoje é capaz de surpreender, encantar e nos colocar para refletir.
Amir Haddad é daqueles sobreviventes dos loucos anos 70 que, a partir dos anos 80, conseguiram demonstrar que o "teatro tradicional" precisava ser sacudido. O afastamento entre atores e plateia precisava ser suprimido, em seu lugar, uma interação maior entre quem encena e quem assiste; em lugar de cenários rebuscados e detalhistas, a amplitude inerente à "rua", como se esta fosse trazida para dentro das salas de espetáculo. Criador do "Tá Na Rua", grupo de teatro alternativo, Haddad tem a singularidade de tornar grandiosas em sua simplicidade, as encenações que drige.
O que dizer do texto de Chaucer, contido na obra clássica Os Contos da Cantuária além do fato de ter sido a pedra angular da construção da Língua Inglesa? A transposição para o papel das histórias populares transmitidas através da tradição oral, rendeu a Chaucer a primazia entre os escritores ingleses e garantiu a eternidade de sua obra. Longe de ser formado por relatos "datados" ou "com prazo de validade", a obra de Chaucer atravessa os séculos com a desenvoltura própria daquelas destinadas à eternidade.
O fato da personagem ter tido diversos casamentos - e falar deles abertamente, ao mesmo tempo em que reflete sobre seus desejos mais íntimos, é suficiente para colocá-la recheada de atualidade. Como nota ao pé da página, deveríamos refletir por que, tantos séculos decorridos desde Chaucer, ainda se afigura tão iconoclasta a mulher que ousa revelar seus desejos e fetiches. E é disso que trata a peça. Todo o texto busca convidar o ouvinte a conhecer - e por decorrência, respeitar e aceitar - os desejos de uma mulher. Será nesta jornada ao universo feminino que descobriremos como este conhecimento é capaz de mudar as relações entre as pessoas e tornar o mundo um lugar melhor para todos nós, independente do gênero de cada um.
Pela atriz brilhante, pelo diretor ousado e pelo autor indispensável, A Mulher de Bath é recomendação certeira para entretenimento de alta qualidade. Então, corra para comprar seu ingresso e prepare-se para uma viagem à alma feminina, que muitos consideram "o maior segredo, envolto no mais profundo mistério".
SERVIÇO:
O quê - A Mulher de Bath
Com Quem - Maitê Proença
Quem Dirige - Amir Haddad
Onde - Em Parauapebas, no Espaço Bahamas; em Marabá, no Centro de Convenções
Quando - Em Parauapebas, dia 8 de novembro (quinta-feira), a partir das 21; em Marabá, no dia 10 de novembro (sábado), no mesmo horário.
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