Na reta final, uma pergunta previsível fez a temperatura subir de forma surpreendente. Ao fim e ao cabo, o tucano Aécio Neves saiu com as penas um tanto mais chamuscadas.
Tudo começou com Everaldo. O pastor quis saber a opinião de Aécio sobre a atual situação da Petrobras.
Aécio, que depois da divulgação da pesquisa Ibope mostrando um tímido, mas importante, crescimento resolveu elevar o tom das críticas mirando sempre em Dilma, não perdeu tempo:
- Os brasileiros estão envergonhados, indignados com aquilo que vem acontecendo com a nossa mais importante empresa pública, submetida à sanha de um grupo político que, para se manter no poder, permitiu que um vale-tudo fosse feito na nossa maior empresa, disse.
Aécio disse ainda que a empresa "financiava com propinas, com parcelas de recursos das obras sob sua alçada, a base de sustentação do governo.”
Encerrou sua exortação afirmando que "não é possível que o Brasil continue a ser administrado com tanto descompromisso com a ética, com a decência, com os valores cristãos. A vida pública não é para ser exercida dessa forma. Quem não teve condições de administrar nossa maior empresa não tem condições de administrar o país.”
Dilma solicitou direito de resposta.
Enquanto isso, seguia o debate. Na rodada seguinte, Aécio Neves fez sua pergunta sobre educação para Luciana Genro.
Aí, a porca torceu o rabo!
Luciana não deu bola à pergunta e trouxe o passado tucano à tona:
- O senhor fala como se no governo do PSDB nunca tivesse havido corrupção. Na realidade, nós sabemos que o PSDB foi precursor do mensalão, com seu correligionário e conterrâneo Eduardo Azeredo. E o PT deu continuidade a essa prática de aparelhamento do Estado, que o PSDB já havia implementado durante o governo Fernando Henrique.
A candidata do PSOL foi além:
- Também foi público e notório o processo de corrupção que ocorreu durante a compra da reeleição. E a corrupção nas empresas públicas que foram privatizadas, num processo que ficou conhecido como privataria tucana.
Para encerrar, o golpe de misericórdia:
- Então, o senhor, Aécio, falando do PT, é como o sujo falando do mal lavado. Porque o senhor é de um partido que tem promovido a corrupção… As empreiteiras que fizeram o escândalo de corrupção da Petrobras são as mesmas que financiam a sua campanha, a da Marina e a da Dilma… Fale do PT, mas fale do seu partido também.
Aécio ainda teve tempo de cometer mais uma asneira. Chamou Luciana Genro de "linha auxiliar do PT".
Foi então que a loirinha cunhou a frase mais emblemática da campanha presidencial até aqui:
- Com todo o respeito, linha auxiliar é uma ova, candidato Aécio.O senhor não tem resposta para debater comigo corrupção, até porque foi protagonista de um dos últimos escândalos.
Estava claro que Luciana não deixaria de lembrar do "Aécioporto", aeroporto particular construído com dinheiro público, obra do tucano Aécio:
- O senhor é tão fanático pela corrupção que consegue usar dinheiro público para construir um aeroporto beneficiando exclusivamente a sua família. É realmente escandaloso o que o PSDB faz no Brasil.
Para piorar a vida do tucano, Dilma ganhou direito de resposta e mostrou que foram investigações do próprio governo que apontaram a existência de corrupção na Petrobras. Lembrou que em seu governo, a Polícia Federal foi fortalecida, o Portal da Transparência funciona e foi dada liberdade ao Procurador-Geral da República:
- Se hoje descobrem atos de corrupção e ilícitos é porque nós não varremos para baixo do tapete.
Aécio voltou a falar e, desta vez, pareceu mais insosso que picolé de chuchu. Lembrou que é católico desde pequenininho, de sua formação cristã, do seu apreço pela ética, de sua obra no governo mineiro. Era como se Luciana Genro, tendo assumido o papel de disciplinadora, estivesse com a palmatória em riste, pronta para usa-la nas penas queimadas do tucano mineiro.
Resumo da ópera: Marina foi poupada; Dilma atacada, soube defender-se; Aécio acabou preso em sua própria armadilha e a bela e furiosa Luciana Genro teve seus momentos de fama. Considerando o índice de audiência do debate, coisa entre 0,5% e 1,5%, não será determinante no resultado eleitoral, tampouco deve originar alguma virada espetacular no curso da campanha. Tudo caminha para um duelo no segundo turno entre Dilma e Marina. A não ser que Aécio continue desidratando-se tanto que torne-se ele mesmo aquilo de que acusou Luciana Genro: "irrelevante".
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