A oposição cobra a abertura de inquérito para apurar a suposta conexão entre o valerioduto e o caso Santo André, denunciada pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR). Para líderes de PSDB, PPS e PSOL, as declarações do operador do mensalão impõem nova investigação sobre esquema de corrupção na gestão do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, e a possível participação de outros personagens, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de hoje revela que, no depoimento, Valério disse ter enviado recursos a Santo André, após a morte de Celso Daniel, para estancar chantagens a petistas. A edição desta semana da revista "Veja" relata que o empresário de ônibus Ronan Maria Pinto estaria ameaçando, em 2003, dizer em público que Lula e o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, seriam beneficiários dos desvios.Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), as afirmações de Valério ligam dois grandes escândalos e reforçam a versão de crime "político". "A investigação é necessária para esclarecer (as denúncias) e, se forem consistentes, buscar a responsabilização criminal. É a primeira vez que se noticia a ligação entre o mensalão e o assassinato, um crime insolúvel", comentou.Celso Daniel foi sequestrado e morto em janeiro de 2002. A Polícia Civil concluiu que se tratou de crime comum, mas o Ministério Público de São Paulo sustenta que o prefeito foi assassinado por tentar acabar com o esquema de desvios.
Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP), Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como operador do mensalão, é “desqualificado” para fazer novas acusações.
“É uma pessoa já condenada, e que provavelmente vai para a cadeia nos próximos meses, portanto hoje é ainda mais desqualificado para emitir qualquer opinião a respeito do comportamento dos outros”, disse Tatto.
Tatto disse que não vê o depoimento como tentativa de chantagear o partido e que, se Valério realmente tivesse mais informações, teria falado antes. “Ele está desesperado, não merece o mínimo de credibilidade”, minimizou o deputado. “As relações dele com o PT são conhecidas. Foram as razões, inclusive, de pessoas do PT terem sido condenadas. Não há nada de novo”, reiterou.
O parlamentar afirmou que “não é juiz” para dizer se as condenações de correligionários foram corretas, mas disse que o partido tem que se solidarizar com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, com o ex-presidente do PT José Genoino e com o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, todos condenados.
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