Enquanto o "Velho PT" vê-se na desagradável contingência de ter que conviver com a condenação de lideranças emblemáticas e explicar coisas como o mensalão, propinodutos em estatais, o assassinato de Celso Daniel e dólares na cueca, um "Novo PT" parece surgir das urnas depois das eleições deste outubro.
Aos poucos, nomes como Zé Direceu, José Genoíno, Luiz Gushiken e Silvinho "Land Rover" Pereira deverão dar lugar a biografias bem mais edificantes como Gleisi Hoffman, Alexandre Padilha, Paulo Teixeira e a estrela do momento, Fernando Haddad, uma turma que pretende romper a lógica do "toma lá, dá cá" e que frequenta apenas as editorias de política e economia dos jornais, evitando as páginas policiais, tudo sob a regência a quatro mãos de Lula e Dilma.
É sobre este processo de renovação do PT que a revista Isto É desta semana faz uma alentada e bastante correta reportagem.
Discordo apenas de uma avaliação da revista. Na reportagem, Alexandre Padilha aparece cotado para o governo de S.Paulo. Considerando que Padilha tem domicílio eleitoral em Santarém, mesmo levando em conta que, depois de sua absolvição pelo Supremo, Paulo Rocha volta ao jogo e que Ana Júlia segue sendo liderança de relevo no PT paraense, não seria nada demais ver o atual ministro da Saúde ser cotado para tentar desbancar o tucanato do governo do Pará.
Leia abaixo trecho da reportagem.
O Partido dos Trabalhadores não é mais o mesmo. Uma revolução silenciosa, cujo signo é o sentimento da mudança, faz nascer novas lideranças, oblitera velhos caciques e desencadeia a maior transformação da história da legenda. Basta olhar os resultados das eleições municipais para entender a dimensão desse processo. Eleito prefeito em São Paulo, Fernando Haddad, 49 anos, é um dos símbolos da transformação. Em seu discurso da vitória, Haddad falou em autocrítica, na reconstrução do partido e agradeceu efusivamente à presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, os principais fiadores de sua candidatura. No texto, escrito de véspera, fez ainda um chamamento à intelectualidade, às forças produtivas e aos movimentos sociais, num claro resgate das raízes partidárias do PT da década de 1980. O teor do discurso de Haddad resume a diretriz que Dilma estabeleceu em seu governo: a opção por políticos de perfil técnico, dedicados à boa gestão e sem os ranços do tradicional fisiologismo partidário.
Nas primeiras tratativas para a montagem de seu gabinete, Haddad seguiu a cartilha da presidenta e avisou que não se renderá ao “toma lá dá cá”. A referência ao modo de governar de Dilma ganha cada vez mais espaço dentro do PT, serviu de slogan para centenas de candidaturas e passou pelo primeiro grande teste nas urnas. O resultado foi a maior votação de um partido em eleições municipais, com mais de 17,2 milhões de votos em todo o País. Foram 635 prefeitos eleitos, o que significou um crescimento de 14% no número de municípios nas mãos do PT. Dilma foi uma das grandes vitoriosas da eleição. Seu governo, pela primeira vez, foi submetido ao escrutínio público – e os resultados, para ela, não poderiam ter sido melhores.
A íntegra você lê aqui
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