Reportagem da Agência Brasil mostra que um prato de filé custa R$ 48 ou mais na Conferência e que um prosaico misto quente pode chegar a incríveis R$ 30. A turma do primeiro mundo não reclama tanto, mas o "pessoal do andar de baixo", como diria Gaspari, anda tiririca. Tem quem defenda uma intervenção da ONU para baratear os custos ou a criação de um "fundo de emergência", claro financiado pelos "ricos", para alimentar os militantes "economicamente despossuídos"!
Brincadeiras à parte e desculpando o trocadilho, os "ambientalistas", "ecologistas" e outros "istas" mais, dizem que com estes preços da comida, está ficando insustentável discutir sustentabilidade. Pelo menos alguns estão aprendendo que custa caro "salvar o planeta". Mas todos podem ajudar, não é? Basta comprar uma bela camiseta feita de algodão orgânico e garrafas recicladas, que tal? Custa só R$ 127! Uma pechincha! Corra antes que acabe!
Leia a seguir a matéria de Vladimir Plotonow para a Agência Brasil.
Os preços cobrados pelos alimentos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) estão sendo considerados insustentáveis por várias delegações, principalmente as de países mais pobres, que frequentam o Riocentro e o vizinho Parque dos Atletas. Embora a variedade de opções seja enorme, para atender a todos os gostos e bolsos, quem quiser sair do lanche rápido e partir para um prato de comida vai gastar pelo menos R$ 30 por um estrogonofe de frango com arroz e batata-palha, por exemplo.
Se o apetite for por carne vermelha de primeira, o preço sobe ainda mais, podendo chegar a R$ 48, por um medalhão de filé. Um sanduíche misto especial, com presunto e queijo brie, sai a R$ 30. Se o sanduíche for de salmão, o valor é R$ 33. Para comemorar acordos em alto estilo, a pedida pode ser uma garrafa de vinho nacional ou importado, a partir de R$ 46, ou uma garrafa de espumante importado a R$ 95.
Para o finlandês Niko Urho, o valor pago por um hamburguer e um suco de uva, cerca de R$ 20, estava só um pouco acima do que ele pagaria em seu país. Já para o integrante da delegação do Zimbabue Thomas Musukutusa. o valor pago por um copo de chá-mate, para ele, equivalente a US$ 3, era o triplo do que pagaria em seu país. “Os preços estão muito altos. Alguma coisa deve ser feita”, reclamou.
O estudante chinês Shen Changkun também se impressionou por ter pago R$ 20 em uma porção de yakisoba. “É caro. É o dobro do preço que eu pagaria na China. Sou estudante e não tenho muito dinheiro”, lamentou.
Uma israelense do Ministério das Relações Exteriores de seu país protestou contra a falta de bom senso nos preços cobrados. Segundo ela, que pediu para não se identificar, por questões diplomáticas, os maiores prejudicados são as delegações de países mais pobres. “Eles estão ganhando muito dinheiro aqui. Mas deviam pensar em quem não tem recursos e cobrar um preço médio, que satisfizesse a maioria”, disse a diplomata: “O preço do café é o triplo do que eu pagaria em meu país”.
A saída para enganar o estômago e preservar o bolso é apostar nos lanches rápidos como cachorro-quente a R$ 5; salgados diversos a R$ 4; fatia de bolo de chocolate a R$ 4; e sanduíche simples de atum a R$ 7. Para beber água, o valor é R$ 5; refrigerante, R$ 5; suco natural, R$ 6; e uma xícara de café expresso, R$ 4.
Mas o que realmente pode salvar a pátria é o minimercado, que funciona na praça de alimentação. Um pacotinho com quatro biscoitos sai por R$ 0,99. Um bolinho de laranja ou chocolate, por R$ 3,25. Com R$ 1, compra-se uma maçã ou uma pera. A partir de R$ 0,50, é possível comprar uma banana.
Mas se a fome não for muita e o objetivo for só o de vestir a camisa da causa verde, é possível comprar uma camiseta oficial da Rio+20, tecida com 50% em algodão orgânico e 50% em fibras de garrafas PET recicladas, por R$ 127.
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