14 de junho de 2012

Em Copacabana, com "Municípios Verdes", Jatene tenta "aparecer" na Rio+20

Simão Jatene, este novo convertido à causa ambiental, terá seu momento "pop-star", hoje (14), na Rio+20, a conferência das Nações Unidas que discute alternativas para o desenvolvimento sustentável. O governador do Pará apresentará o seu programa "Municípios Verdes", uma iniciativa de cuja criação ele não fez parte e da qual, mudando-lhe o nome, apropriou-se com grande desenvoltura. A tertúlia ocorrerá no Forte de Copacabana, um dos cartões-postais do Rio e local que vem recebendo eventos paralelos à conferência.
Diz Simão que seu programa vem reduzindo o desmatamento no Pará. Mas, não é bem isso que mostram os números.
Pará foi responsável por quase um terço do desmatamento da Amazônia no período até julho passado. Dos 164 quilômetros quadrados de floresta derrubados no período, 52,8 quilômetros estavam na região. O levantamento foi feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e segundo pesquisadores do órgão, nada indica que uma mudança significativa esteja em curso.
Assim como diversas outras iniciativas dos tucanos paraenses, este programa, no que diz respeito à "sustentabilidade", tem impacto zero.
O Governo do Pará tem muito pouco a oferecer aos produtores e tem menos poder ainda para fiscalizar. Oferecer regularização fundiária em troca de preservação da floresta chega a ser risível. Além disso, com a precariedade de pessoal da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), quem quer desmatar não encontra muitas dificuldades no Pará.
Por outro lado, um pequeno produtor pode gastar muito do seu tempo e alguns milhares de reais para conseguir os tais Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a Licença Ambiental Rural (LAR). Caso em sua terra este produtor decida explorar diferentes atividades novas licenças e mais dinheiro serão necessários.
Jatene dirá hoje no Forte de Copacabana que o tal projeto é um sucesso e coisa e tal.
Infelizmente, não explicará porque dezenas de mandados de reintegração de posse referentes à fazendas ocupadas ilegalmente no Pará estão "esquecidos" nos escaninhos de seu governo. Não dirá que graças à lerdeza do governo do Pará, pessoas morrem na luta pela terra no Estado ou são empurradas para as periferias de Belém, cidade campeã brasileira em esgoto à céu aberto. Esta, sim, a verdadeira tragédia ambiental, que não será citada por Jatene. Uma pena.
Em meio às fanfarronadas para inglês ver e africano aplaudir, não faltará quem veja no governo de Jatene "um novo tempo" ou, como já ouvi de um tucano bem emplumado, "uma revolução silenciosa". Vejo apenas um governo errático, sem projetos e sem resultados visíveis. Um fiasco. Tendo a pretensão de manter o emprego, Jatene precisa melhorar muito para ser, pelo menos, ruim.

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