15 de junho de 2012

Manifestantes invadem parte de um canteiro de obras, em Belo Monte. Obras não são paralisadas.

Cerca de 300 índios, trabalhadores rurais, pescadores e ativistas fizeram nesta sexta-feira uma ocupação simbólica da região amazônica para chamar a atenção da Conferência Rio+20 sobre o dano que a construção da hidroelétrica de Belo Monte causará ao meio ambiente.
A ocupação realizada na zona rural do município de Altamira, no Pará, tem como objetivo "libertar o rio Xingu", em cujo leito será construída a represa, segundo a ONG Amazon Watch, que faz parte de um grupo de movimentos internacionais contrários à hidroelétrica.
De acordo com a Amazon Watch, homens, mulheres e crianças que habitam a região chegaram na madrugada desta sexta ao aterro construído para desviar o leito do rio e, com pás e picaretas, abriram uma pequena fundação para tentar devolver o Xingu a seu leito natural.
O grupo de colonos, índios e pescadores formou a frase "Pare Belo Monte", para enviar uma mensagem ao mundo antes da cúpula da Rio+20 que será realizada os próximos dias 20, 21 e 22 no Rio de Janeiro.
Os opositores pedem o cancelamento da obra, que terá um custo de US$ 10,6 bilhões, com o argumento de que a hidroelétrica causará danos irreparáveis ao ecossistema e às condições de vida dos indígenas e trabalhadores rurais que vivem nas margens do rio Xingu, um dos afluentes do Amazonas.
Os grupos sociais temem que a hidroelétrica degrade a qualidade das águas do Xingu pela imensa parede de concreto que será levantada e obrigará a inundação de 516 quilômetros quadrados de floresta, o que além disso tirará de suas terras aproximadamente 50 mil pessoas.
Os manifestantes plantaram 500 árvores nativas de açaí, para estabilizar a margem do rio onde começaram as obras de Belo Monte e colocaram 200 cruzes nas ribeiras para lembrar as vítimas de violência ao defender a Amazônia, segundo a ONG.
O protesto de hoje faz parte do programa Xingu 23, organizado por várias organizações sociais para lembrar os 23º aniversário do primeiro levante dos habitantes da região contra os planos de construção da hidroelétrica.
O movimento foi articulado com a Cúpula dos Povos, que começou nesta sexta no Rio de Janeiro como atividade paralela à Rio+20 e onde também será debatida a construção de Belo Monte.
"Esta batalha está longe de terminar. Este é nosso lema: Queremos que este rio siga com vida e para isso é necessário parar a construção da represa", disse Antonia Melo, uma das coordenadoras do Movimento Xingu Vivo.
Menos mal que a tal "manifestação", que tem todo o jeitão de invasão, segundo a Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina, não causaram qualquer interrupção nas obras da usina.
A Norte Energia disse em nota que considera os protestos que ocorrem no sítio Pimental, área onde fica a ensecadeira, como ações oportunistas que visam conseguir visibilidade pela atenção que o Brasil conseguiu por causa da conferência ambiental Rio+20, e que a usina hidrelétrica de Belo Monte é um exemplo de produção de energia limpa e renovável. 

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