3 de maio de 2012

"Operação-Abafa" na Câmara de Goiânia impede investigação do esquema Delta/Cachoeira

A Câmara Municipal de Goiânia prepara uma espécie de "operação-abafa" para "blindar" seus membros pegos em conversas e negociações nada republicanas com o chefe mafioso Carlos Augusto de Ramos, o Carlinhos Cachoeira. 
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara após reunião ocorrida na tarde desta quarta-feira (2), resolveu convocar alguns vereadores para prestar esclarecimentos. Mas, o presidente do Conselho, o vereador Anselmo Pereira (PSDB), disse que não há investigação. “A Comissão não está investigando nenhum de seus vereadores. Ela abriu um procedimento para que toda essa movimentação possa ser respondida pelos vereadores que tiveram nomes citados, para que diante da análise dessas respostas, seja dada abertura de alguma ação para verificar se esse, ou aquele vereador feriu a ética, ou o decoro parlamentar”, relatou ele, segundo o Jornal Opção, de Goiânia.
Entre os vereadores que integram o Conselho estão, Agenor Mariano (PMDB), Alfredo Bambu (PR), Charles Bento (PRTB), Djalma Araújo (PT), Eudes Vigor (PMDB) e Izídio Alvez (PMDB). Os vereadores Elias Vaz (PSol) e Geovani Antonio (PSDB) integravam o corpo do conselho, mas pediram afastamento temporário, assim como o vereador Rusembergue Barbosa (PRB), que pediu afastamento por foro íntimo. Elias Vaz, segundo reportagem do Jornal Opção, disse que “quem não deve não teme. As gravações mostram claramente que eu não atendia aos interesses do Carlinhos Cachoeira, muito pelo contrário, apontam que eu conflitava com seus interesses, seja na questão da Delta, em que fui autor das denúncias, ou na questão do Mutirama, que eu sempre denunciei. Mas não acho correto, por uma questão de ética, eu continuar participando de um Conselho que vai investigar vereadores com envolvimento em coisas em que meu nome foi citado. Então, eu pedi afastamento temporário, até que se investigue essas questões”, declarou.
Elias Vaz e Geovani Antonio foram citados nas denúncias que derrubaram o chefe de gabinete do prefeito Paulo Garcia (PT), Cairo Freitas. Nas denúncias os dois vereadores, juntamente com os também vereadores, Maurício Beraldo (PSDB) e Santana Gomes (PSD), teriam se reunido na casa de Santana com Cairo, o ex-vereador Wladmir Garcêz, preso pela Polícia Federal, e o empresário Carlos Ramos, Carlinhos Cachoeira, para tratar das obras do Mutirama.
Por outro lado, na Câmara de Goiânia ninguém quer nem ouvir falar em instaurar uma Comissão ESpecial de Inquérito (CEI), versão municipal da CPI. A CEI do Cachoeira já foi proposta pelo vereador Fábio Caixeta (PMN), mas apenas 6 vereadores assinaram. Para que a comissão seja instalada são necessárias 12 assinaturas. O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, disse que não há provas suficientes para que essa comissão seja instaurada. “CEI é algo muito sério, uma ferramenta de extrema complexidade. Primeiro, ele [vereador Caixeta] tem que mostrar na Câmara os indícios reais de envolvimento de vereadores, com documentos”, disse.
O vereador Santana Gomes (PSD) foi chamado pelo partido para prestar esclarecimentos, mas o vereador não quis dar entrevista. Apenas falou que vai fazer o que for necessário para explicar sua situação.

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