O caso da Rede Celpa, privatizada de forma desastrada por Jatene, começa a assumir feições preocupantes. As possíveis irregularidades na gestão financeira da empresa, que agora deverão vir à luz, deflagaram um processo crescente de deterioração na qualidade dos serviços prestados. Isso para não falar na inação quando o assunto é expansão da rede elétrica pelos municípios do Pará.
As ameaças de demissões e os atrasos nos pagamentos dos funcionários das empresas terceirizadas pode lançar-nos a todos em um "apagão" sem precedentes na história.
Não satisfeitos com o caos que criaram, os executivos da empresa alegam que "as regras da Aneel" causaram a bancarrota e, em tom de chantagem avisam que a situação ficará ainda pior se não for concedido um aumento de 20% na tarifa! Prepare o bolso!
A situação é ainda mais sentida nas cidades que buscam a industrialização.
Marabá e Barcarena, por exemplo, pleiteiam a implantação e expansão de seus parques industriais. Como manter em funcionamento uma siderúrgica com a atual capacidade instalada nesses municípios é algo que deve deixar todos os executivos das indústrias sem dormir direito.
A par disso remanesce o problema social. Milhares de desempregados, principalmente na Grande Belém, é um cenário possível e nada agradável. Hoje, a rodovia Mário Covas, na capital, foi interrompida por algumas dezenas de trabalhadores justamente indignados com o calote recebido.
A tendência é que o clima de desconfiança acabe por espalhar-se para consumidores e funcionários da Rede Celpa.
Até onde consigo ver, o modelo de privatização escolhido por Jatene não permite a retomada pura e simples da empresa pelo Governo do Estado. A Eletrobras, salvo melhor juízo, controla 33% do capital votante. Contudo, duvido que os demais acionistas aceitem a transferência de outros 18% ao Governo sem ônus, além da assunção da dívida. Corre-se o risco de vermos uma empresa em situação falimentar a desconstituir-se diante de nossos olhos, por cinco ou seis anos, até que sua carcaça esteja exaurida pelos capitalistas brasileiros, únicos no Mundo a defender o capitalismo sem risco, causando os transtornos cotidianos conhecidos e travando todos os investimentos privados previstos para os próximos anos no Pará.
Para evitar o mal maior, ao fim, em algum momento a bolsa da "Viúva" será sangrada como sempre e, o mais irritante, os que venderam de forma afoita a Celpa não serão chamados às falas. A questão é definir quanto entrará de dinheiro público para enriquecer ainda mais os empresários ricos que nos legaram uma empresa paupérrima.
O direito administrativo é regido pelo princípio da Responsabilidade Objetiva. O caso da Rede Celpa, contudo, está no marco da mais absoluta irresponsabilidade subjetiva, uma vez que os responsáveis possuem nomes e sobrenomes, quase todos ainda hoje ocupando os mais proeminentes cargos do Estado. Mas, claro, seria demais imaginar que a Justiça os alcance.
Ficaremos nós, consumidores pagando energia à preços suíços, para receber em troca serviços com qualidade sudanesa e amargando ver o estado potencialmente mais rico da Federação, batendo todos os recordes de miséria por falta de energia suficiente para fazer funcionar uma funilaria de fundo de quintal.
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