15 de fevereiro de 2012

Wandenkolk vai entregar tratores à Prefeitura de Marabá. Será isso realmente bom?

Vejam lá o que anuncia o deputado Wandenkolk Gonçalves através de sua conta no site de relacionamentos Facebook. Comento logo depois:
"Amanhã, às 9h, na Secretaria de Agricultura de Marabá, participo da entrega de 3 tratores comprados com verba de uma emenda de bancada ao Orçamento de 2010. Eu e outros deputados paraenses estaremos lá para entregar as máquinas. Estamos muito felizes, pois em várias ocasiões os deputados conseguem as verbas mas nem sempre a população é informada sobre o nosso esforço. Até amanhã, amigos de Marabá."
Eis-me aqui:
Tenho por Wandenkolk enorme apreço, mas, não será isso que vai impedir-me de fazer uma crítica que considero pertinente.
Em quase todas as prefeituras do Brasil, exceção feitas às paupérrimas, o que não falta é maquinário. É algo aferível com facilidade. Em sua grande maioria estas máquinas estão PARADAS. O motivo? FALTA DE RECURSOS PARA MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DESTES EQUIPAMENTOS!
Emendas doando máquinas fazem a alegria das concessionárias, engordam as estatísticas do patrimônio e tendem a transformar tratores e caminhões em sucata.
No pátio da própria Secretaria de Agricultura de Marabá (Seagri), podem ser encontrados diversos exemplos disso. Veículos leves e pesados acabam sub-utilizados ou inutilizados nos pátios de TODAS as prefeituras do País.
Vejam que não são apenas deputados e senadores que, através de suas emendas, oferecem este tipo de bem aos municípios.
Pegue qualquer projeto de qualquer secretaria estadual ou ministério e você verá que sempre constará uma rubrica destinada à "aquisição de veículos e máquinas".
O que ninguém gosta de reconhecer é que junto com a máquina vem a obrigação de comprar peças, pneus e acessórios, manter em dia as revisões e ter pessoal qualificado para operá-las! 
E isto tudo custa dinheiro, muito dinheiro!
São recorrentes as reclamações de produtores rurais, aqui e alhures, por conta da precariedade das estradas vicinais do Pará. Este estado mastodôntico possui a maior malha viária não-asfaltada do País. Em tese estas máquinas serviriam para manter trafegáveis estas vias ou mecanizar a produção agrícola, ou, ainda, servir como transportadores da produção. Mas isso não acontece.
Para aqueles que moram no "interior" do Pará pergunto quantas vezes já ouviram falar na utilização das máquinas das prefeituras ou à serviço delas, em obras que beneficiam apenas um ou alguns fazendeiros; ou, pior, que ficam a trabalhar nas terras de prefeitos e vereadores?
Isso não acontece apenas porque são corruptas as relações a reger o relacionamento entre as esferas públicas e privadas no Brasil. Acontece, também, por conta da total incapacidade das prefeituras em arcar como os custos de manutenção e operação dos equipamentos de que já dispõem. A máquina deslocada do centro urbano para a área rural dos município passa a depender dos moradores das vilas ou vicinais para prover-lhes de tudo, desde o diesel até a água e comida para os operadores. Ora, como não existe "almoço grátis" no mundo, quem fornece a estrutura acaba julgando-se no direito de dispor sobre as máquinas e as "privatiza", usando-as para atender aos seus interesses pessoais ou políticos.
Gostaria de ser desmentido, mas, infelizmente é assim que a banda toca por aqui.
Queridos, acreditem quando digo que não faltam máquinas em Marabá. Falta é GESTÃO COMPETENTE para utilizar o enorme potencial de uma cidade linda, rica e com todos os requisitos para tornar-se, antes mesmo de ser a capital do futuro Estado do Carajás, a maior e mais influente de todo o Meio-Norte. Infelizmente, competência não pode ser adquirida através de emendas parlamentares. Apenas o Sua Majestade, o Eleitor, pode oferecer isto à cidade. Falando nisso, este ano tem eleição, não é?

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