11 de fevereiro de 2012

Secretário de Comunicação do Estado do Pará ataca blogueira que o criticou: "Lá em casa tem um tanque de roupa para lavar!" E agora, Jatene?

Era para ser apenas uma crítica suave ao egocentrismo de uma autoridade formulada por uma jornalista paraense.
Acabou tornando-se um caso feio de comportamento que, à toda evidência, fere a ética pública e está a exigir das autoridades estaduais alguma providência.
Vamos aos fatos.
Dois dias atrás, através de sua conta no Twitter, o secretário de Comunicação do Governo do Estado Pará, Ney Messias, pavoneou-se de ter praticamente "refundado" a cultura do Pará. Segundo ele, foram as ações do governo do tucanos Simão Jatene (conduzidas por ele, Messias) que conseguiram tirar do ostracismo a produção cultural do Estado e dar-lhe visibilidade na mídia.
Imediatamente, foi severamente repreendido pela cantora Fafá de Belém. Elevada à condição de "musa do paraensismo" a partir de sua participação no Plebiscito de dezembro sobre s criação dos estados de Carajás e Tapajós, a cantora sentiu-se ofendida pelo ufanismo galopante de Messias. E puxou-lhe as orelhas em regra.
Outra pessoa também sentiu-se incomodada pela presunção exagerada do secretário de Comunicação e deu vazão a isso em seu blog. Trata-se da jornalista Franssinete Florenzano, que edita o Uruatapera, única blogueira a criticar a conduta do secretário.
Messias não gostou nada do comentário da jornalista e partiu para o ataque.
Em uma conversa através do site de relacionamentos Facebook, Messias fez uma adaptação de um velho ditado tornado bordão do jornalista Ibrahim Sued, segundo o qual "os cães ladram e a caravana passa". Messias incorporou a palavra "CADELAS" ao aforismo.
Para que não ficassem dúvidas que referia-se a Franssinete, Messias arrematou dizendo que "lá em casa tem um tanque de roupa pra passar, uma pia de louça pra lavar e o um ap pra varrer. qualquer coisa deixo a chave embaixo do tapete, em frente da porta" (sic).
Li e reli o post de Franssinete. Não encontrei nada, absolutamente nada, que justificasse a reação desmedida do secretário Messias.
Uma reação que envergonha pelo seu caráter preconceituoso, desrespeitoso e que ofende a honra de uma jornalista, colega sua de profissão, que deve ser mãe de alguém, esposa de alguém, filha de alguém.
Dia desses disse aqui, ao criticar a presidente Dilma, que sou tão machista que sinto-me na obrigação de tratar com gentileza extra as mulheres que critico.
Sendo assim, jamais poderia ficar calado quando vejo uma agressão ser cometida contra uma mulher que cometeu um único "pecado": TER OPINIÃO CONTRÁRIA!
Messias precisa entender que nome não é destino. Ele não é e não será jamais o "redentor" da cultura no Pará.
Messias tentou corrigir o enorme estrago que causou e postou um "pedido de desculpas" à Franssinete. O troço foi tão mal escrito que, ao lê-lo ficasse com a sensação que a jornalista, na visão de Messias, é estúpida, porque não consegue interpretar seu texto! Um espanto, este Messias.
Messias é apenas alguém que, no afã de mostrar serviço ao patrão, tecla dez vezes mais rápido do que pensa e, por conta disso, acaba expondo sua face mais verdadeira. E não é algo bonito de se ver.
Em tempos de avanços inegáveis na questão do respeito aos direitos das mulheres, chamar uma delas de "cadela" e externar seu menosprezo não é o que se espera de um homem, muito menos de um homem no exercício de um cargo público.
E é aí que o está o busílis!
Messias costuma frequentar as redes sociais da internet em HORÁRIO DE EXPEDIENTE. Assim, suas posições podem ser consideradas posições oficiais do Governo do Estado do Pará. É preciso saber se usa equipamento de propriedade do Governo do Estado do Pará para essas manifestações. Se os usa, está utilizando de forma indevida o patrimônio público. E isso é grave falta funcional.
Por conta disso é que disse, no início deste post, que existe ofensa à ética pública neste caso.
Imaginem que o péssimo comportamento de Messias pode incentivar outros secretários e assessores a seguirem o mesmo caminho. Caso Messias não seja exonerado, todos se sentirão acobertados e certos da impunidade. E a partir daí não haverá mais limites razoáveis a conter as autoridades estaduais. Diante de qualquer crítica, prepare-se o crítico para ser distratado, ofendido, humilhado!
O governador tucano Simão Jatene agora está na berlinda. Cabe a ele decidir se compactua com este tipo de conduta. Lembrando sempre que o silêncio é cúmplice!
Daqui deste bloguinho "machista" e "reacionário" vai a solidariedade à Franssinete Florenzano, blogueira das boas, bem informada e que, espero sinceramente, saia mais forte deste episódio desagradável!

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