A pesca predatória, praticada por tantos anos nos rios
que banham Marabá, começa a cobrar seu preço. E a fatura é alta. O presidente
da Colônia Z-30, Antônio “Bibi” Rodrigues Dias, lembra que das 26 espécies nativas
dos rios do entorno de Marabá, apenas seis espécies continuam sendo exploradas
comercialmente. O esforço de captura consegue alcançar pouco mais de 15
toneladas por mês. Muito pouco para suprir uma demanda crescente e que hoje
passa de 40 toneladas.
A situação é tão grave que o repovoamento dos rios da
região somente seria possível com a suspensão da pesca comercial por mais de
seis anos. Situação parecida vive a região do Lago de Tucuruí. A captura
intensiva fez minguar os cardumes e apenas um “defeso” (período no qual é
vedada a pesca), de no mínimo dez anos seria capaz de reequilibrar o
ecossistema daquela região.
Mas, medidas como essas esbarram na necessidade de sobrevivência
de uma enorme quantidade de famílias que vivem exclusivamente da pesca. A
alternativa é incentivar a produção em projetos de piscicultura, capazes de
suprir a demanda e, no futuro, quem sabe, servir como item de exportação. “Apenas
iniciativas como a implantação de projetos de criação em tanques-rede e tanques-terra, hoje incentivadas pela SEAGRI e Ministério da Aquicultura e Pesca, são
capazes de garantir o abastecimento da região e a subsistência dos pescadores”,
diz Bibi.
O presidente da Colônia Z-30 lembra que a legislação que
rege a atividade pesqueira no País é rigorosa. São considerados pescadores (e,
portanto, com direitos aos benefícios da legislação), apenas quem faz da pesca
sua única fonte de renda. Por outro lado, os períodos de “defeso” começam a
aumentar à medida que os órgãos de fiscalização percebem diminuições sensíveis
nos cardumes. A combinação desses dois fatos reduz a renda das famílias e
desestimula os pescadores.
Por isso é tão importante para os pescadores que técnicas
como a criação em “tanque-rede” e em “tanque-terra” sejam disseminadas e se
tornem acessíveis à categoria. Para muitos, sem o esforço governamental no
sentido de facilitar o financiamento e a construção dos criatórios, seria
impossível sobreviver da pesca.
Hoje (29), em sua sede, a Colônia reúne para discutir esses e outros problemas do setor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário