Cumprindo o que havia sido acordado no dia 14 deste mês quando professores, articulados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Pará (Sintepp), paralisaram suas atividades na rede municipal de ensino em Parauapebas, nesta quarta-feira (20), sindicato e Prefeitura voltaram à mesa de negociações. As respostas dadas pelos representantes do governo municipal à pauta dos sindicalistas podem servir para distensionar um pouco a relação com os professores e afastar, temporariamente, a ameaça de greve na Educação. Uma nova rodada de negociações está marcada para a próxima segunda-feira (25).
Após a reunião Sintepp reuniu sua diretoria para avaliar a negociação e convocou para esta quinta-feira (21), uma assembleia geral para definir os rumos do movimento. O encontro de professores será realizado no Centro Universitário de Parauapebas (Ceup), a partir das 19 horas.
Por seu turno, o governo também avalia que teve um bom desempenho à mesa. Cedeu em alguns pontos que poderiam ensejar contestações jurídicas no futuro, firmou compromissos que considera viáveis e, principalmente, saiu convencido que ganhou tempo e evitou a deflagração imediata de uma greve altamente indesejada.
A Semed, dirigida agora pelo professor Luiz Vieira, garante que terá um novo cronograma para reforma das escolas. Veira garantiu que apresenta o planejamento até o dia 1º de março, quando deve finalizar o precedimento de adesão à ata de um processo de licitação para contratação da empresa que fará o serviço. A Semed ficou de realizar reuniões nas escolas que serão reformadas para estabelecer prazos para as obras. Há o compromisso de divulgar tanto o cronograma de reuniões, quanto a relação das escolas que serão reformadas.
O Sintepp acusa a Semed de haver reduzido carga horária e transferido professores de forma "arbitrária". Mesmo negando isso, a Semed se comprometeu em avaliar os casos que forem apresentados e dar uma resposta oficial sobre cada um deles.
O Sintepp insiste na ideia de construir um único Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) para todos os trabalhadores da Educação, independente de ser professor ou não. O governo não quer nem ouvir falar nisso, temendo que a maior articulação dos professores acabe por garantir mais vantagens às demais categorias que atuam na Educação e aumentado os gastos com o setor. Mas, o secretário Luiz Vieira aceitou reativar a comissão de estudos sobre o PCCR unificado.
Na pauta financeira, poucos avanços. O governo oferece reajuste de 3,75% para salário e para vale-alimentação. O Sintepp considera insuficiente. A hora-atividade, pela proposta do governo, passará de 25% para 28%.
Como a Prefeitura alega que não dispõe de recursos para reajustes maiores, o Sintepp solicitou acesso a dados mais detalhados da folha de pessoal e demais gastos da Semed. Vieira alegou que nem todas as informações podem ser disponibilizadas, mas que pedirá à Procuradoria-Geral do Município parecer sobre o assunto e, caso seja juridicamente possível, informará ao sindicato.
Está claro que ao reunir e começar a responder às demandas do Sintepp, Luiz Vieira ganhou um certo fôlego. Na prática, fica difícil para o sindicato negar ao novo secretário a chance de "colocar a casa em ordem", "tomar pé da situação", ou qualquer outro clichê utilizado para resumidamente, dar tempo para que a outra parte se organize.
Mesmo o pouco avanço na pauta financeira não seria justificativa para o Sintepp ir à greve. Afinal, o governo não fechou totalmente as portas para ganhos maiores e ainda resolveu atender, ainda que parcialmente, pautas relativas ao assédio moral de professores por parte de diretores e outros gestores e reformar algumas escolas.
A expectativa é que o Sintepp oriente seus filiados no sentido de que aguardem as novas rodadas da mesa de negociações. Caso a Semed descumpra algum dos compromissos firmados a categoria teria mais justificativas para paralisar suas atividades. Na forma em que está, com negociações em curso, não seria nada difícil que, em caso de greve, a Justiça declarasse ilegal o movimento.
Pelo Sintepp, participaram da reunião os coordenadores Raimundo Moura, Rosemiro Laredo, Heber Silen e Manú Melo. Pelo governo municipal participaram o chefe de Gabinete, Roque Dutra; secretário de Educação, Luiz Vieira; secretário de Planejamento, João Correa, além de representantes da Procuradoria-Geral do Município (PGM), e das Secretarias de Fazenda e Administração.
Leia a seguir a nota do Sintepp/Parauapebas.
A coordenação do Sintepp Parauapebas informa aos educadores que, na manhã de ontem, 20/02/19, ocorreu a reunião agendada previamente para a discussão da pauta da educação.
Esse é um breve resumo da reunião com o governo, mas informamos que as negociações não se encerraram por aqui. Hoje, 21/02 teremos assembleia para apreciarmos e deliberarmos a respeito e uma nova rodada de negociação está agendada para a manhã do dia 25/02.
Todos a assembleia para fortalecer a luta!!!
Rosemiro Laredo
Coord. Sintepp Parauapebas
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