O prefeito Darci Lermen (MDB), de Parauapebas, entregou na manhã desta segunda-feira (21), um novo sistema de abastecimento de água, na região do Parque dos Carajás, construído pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parauapebas (Saaep), dirigido pelo vice-prefeito, Sérgio Balduíno. Agora, a prefeitura passará a contar como um reservatório com capacidade para quase dois milhões de litros de água tratada, que deverá beneficiar diversos bairros da região.
Construído no alto do Morro do Parque dos Carajás, o reservatório abastecerá o Parque dos Carajás I e I, além das 3ª, 7ª e 8ª etapas do bairro Cidade Jardim. O Saaep estima atender mais de 9 mil pessoas com o novo sistema de abastecimento.
A inauguração contou com a presença de diversos secretários e do presidente da Câmara Municipal, Luiz Castilho, além dos vereadores Zacarias Assunção e Marcelo Parceirinho.
Darci mostrou-se satisfeito com o que vem sendo planejado pelo Saaep. Segundo ele, hoje foi entregue a primeira parte do projeto, com capacidade para distribuir 1.680.000 litros de água tratada por dia, mas as obras continuam e na próxima etapa será garantido o fornecimento para todo o bairro Cidade Jardim, da 1ª a 11ª etapas.
Água: Problema Sem Solução?
Não é sem razão que Darci festeja a entrega do novo sistema de água. É obra, de fato, relevante.
Mas, é bom lembrar que a questão do abastecimento de água (ou da falta dele) em Parauapebas, sempre foi problemática e gerou excessivo desgaste para todos os prefeitos anteriores. Desde a gestão de Francisco Alves de Souza, o Chico das Cortinas, segundo prefeito da cidade, o drama se arrasta. A oferta do serviço é sempre inferior à demanda, em uma cidade que cresce sem parar, mesmo quando o ciclo econômico não é tão dinâmico assim.
Com mais de 110 bairros, Parauapebas parece não conhecer limites para sua expansão.
Por um curto período, durante a gestão anterior, o problema parecia estar sendo resolvido. O fornecimento começou a ser normalizado e o Saaep ia deixando de ser visto como um imenso sorvedouro de recursos e caminhava para tornar-se, efetivamente, autônomo financeiramente. Mas, por diversos motivos, desandou-se o que havia andado e as reclamações voltaram ainda com mais força no final da gestão de Valmir Mariano.
Parauapebas parece não conseguir apresentar resposta satisfatória para essa questão.
Convenhamos, os desafios são grandes. A quantidade de pontos de acesso à água é significativa - a cidade conta com mais de 30 mil ligações registradas. E isso é bom. Contudo, estima-se que existam um número igual de ligações clandestinas que consomem água tratada sem pagar absolutamente nada por isso. E isso é muito ruim.
Além disso, a inadimplência parece ser um fantasma que ninguém consegue exorcizar. E isso pode ser explicado, em parte pela existência do consumo clandestino.
Muita gente consumindo, pouca gente pagando, é uma combinação perversa que eleva o preço de qualquer serviço. Os consumidores legalizados acabam pagando por si e pelos "ilegais". A conta fica salgada. Por outro lado, a demanda real é a soma do consumo legal com o consumo clandestino mais o desperdício. O sistema passa a ser exigido no seu limite máximo e nem sempre consegue responder com eficiência.
As interrupções passam a ser frequentes e a inadimplência dispara. "Pagar por que, se não tenho água nas torneiras aqui em casa?", pensa o consumidor. E o ciclo vicioso corre o risco de se perpetuar: o serviço fica ruim porque faltam investimentos; faltam investimentos porque a inadimplência é alta; a inadimplência é alta porque o serviço fica ruim.
Darci e Sérgio dão um passo importante, sem dúvida, ao aumentar a oferta de água tratada para uma área considerada crítica da cidade. Neste aspecto, merecem elogios.
Mas, só aumentar a oferta não basta. É preciso incentivar o consumo consciente, reduzir a inadimplência e combater as ligações clandestinas.
Desafios enormes, mas que parecem estar ao alcance da cidade mais rica do Pará.
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