"O que mais me impressionou foi o enriquecimento ilícito do Lula... Hoje , ele é uma das maiores fortunas do País". A frase seria contundente vinda de qualquer pessoa, mas quando dita por Hélio Bicudo, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, ganha ares de denúncia gravíssima. No programa Roda Viva, da TV Cultura, o jurista demonstrou sua frustração com os rumos de Lula e da legenda que criou e justificou o pedido de Impeachment de Dilma que apresentou ao Congresso Nacional.
"Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira como ela é hoje através de sua atuação na Presidência da República", disse Bicudo que afastou-se do PT em 2005, tão logo explodiu o escândalo do Mensalão, um dos muitos casos de corrupção e desvio de dinheiro público em que petistas estiveram ou estão envolvidos.
Para Bicudo, o PT "vestiu-se de uma vestimenta de que o partido era o salvador da Pátria", mas não era bem assim. "Quando percebí isso, saí do PT", disse.
As palavras mais duras foram mesmo reservadas para Lula. "O que mais me impressionou foi o enriquecimento ilícito do Lula. Ninguém fala nisso, mas eu conheci o Lula numa casa de 40 metros quadrados. Hoje, Lula é uma das grandes fortunas do País. Ele e os filhos".
"Eu conheci o Lula quando ele era um postulante ao governo do Estado de São Paulo - eu entrei como vice na chapa, nos anos 80", disse Bicudo. "Era um panorama completamente diferente do que se vê hoje no Lula quando ele fala. Ele falava para obter o poder e usar o poder em benefício próprio e dos seus, da sua família e todo mundo sabe disso."
Perguntado sobre o futuro da sigla que ajudou a fundar, Bicudo afirmou: "Acho que o PT não tem futuro. Acho que o PT, como partido, desapareceu. Tem uma pessoa, que é o Lula. O resto não é nada. Quer dizer, é o partido do 'sim, senhor'. Eu saí do PT exatamente por causa dessa questão da hegemonia das pessoas".
Para ele, o PT "contaminou as instituições do Brasil de ponta a ponta". "O processo para você constituir um juiz do supremo é um processo completamente viciado. O PT contaminou o Judiciário e o Ministério Público."
Sobre as declarações de Dilma de que as tentativas de impeachment seriam, na verdade, um golpe de Estado, Bicudo disse: "Acho que precisa dizer para a Dilma ler a Constituição, porque lá está escrito que o impeachment é um remédio constitucional. Então, não existe esse negócio de golpe. O impeachment é um processo democrático em curso".
O jurista, que também atuou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, ponderou sobre as comparações entre aquela época e atualmente: "O Collor estava há pouco tempo no Executivo. A Dilma teve um mandato inteiro. Ela consolidou o prestígio do presidente da República. E o brasileiro é muito centrado no paternalismo".
"Eu acho que a saída da Dilma não vai gerar trauma algum. As pessoas vão respirar fundo, dizendo: 'Puxa, saiu", concluiu.
Bicudo já ocupou cargos de deputado federal; vice-prefeito de São Paulo, durante a gestão de Marta Suplicy (2001-2005); e presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Durante a ditadura, enfrentou ameaças e pressões ao combater o Esquadrão da Morte, criado para eliminar os inimigos do regime.
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