O clima esquentou na CPI do Cachoeira na sessão de hoje (7), que deveria colher, entre outros, o depoimento de Andressa Mendonça, atual mulher de Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, chefe mafioso goiano acusado de explorar jogos ilegais e de articular fraudes em obras públicas no Governo de Goiás.
Logo na abertura dos trabalhos o senador Fernando Collor (PTB/AL) reapresentou o requerimento que convoca o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel; o jornalista de Veja, Policarpo Júnior e o presidente do grupo Abril, que edita Veja, Victor Civita.
Collor, justificando a convocação do trio, afirmou que a atuação de Gurgel "deslustra a atuação do Ministério Público". Segundo Collor, Gurgel encontrou-se meses atrás com o senador goiano cassado Demóstenes Torres para negociar o arquivamento do inquérito originado da "Operação Vegas"; Policarpo Júnior, por seu turno, estaria providenciando dossiês contra autoridades e parlamentares que investigam Cachoeira e a editora Abril seria um "antro de quadrilheiros".
Miro Teixeira rebateu disse que, mesmo sem ter a intenção de defender Gurgel, não é admissível que a CPI sirva para "macular a honra alheia por parte de quem não tem honra alguma, como se viu na CPI de PC Farias", em uma clara referência a Collor.
Serenados os ânimos, o presidente da CPI garantiu que discutirá a antecipação da sessão administrativa da comissão para apreciar os principais requerimentos e designou alguns parlamentares para que busquem na Polícia Federal os resultados das perícias que estão sendo feitas nos documentos e computadores apreendidos.
Em seguida, Andressa Mendonça foi trazida para ser interrogada. O presidente da CPI perguntou se Andressa estaria disposta a responder às perguntas, ao que a bela respondeu que não falaria. O presidente sugeriu, então que a sessão fosse tornada secreta, mas mesmo assim a atual mulher de Cachoeira insistiu no silêncio e foi dispensada.
A senadora Kátia Abreu (PSD/TO) protestou. "Mentirosa, mentirosa. Mentirosa e cascateira", esbravejou a parlamentar.
"Eu preciso perguntar a esta mentirosa o que ela tem contra mim; quando eu encontrei com o marido dela; onde está o dossiê que ela disse ter contra mim", falou Kátia Abreu enquanto Andressa deixava apressadamente o plenário da CPI.
Após a saída de Andressa, Kátia Abreu voltou à carga. "Essa mentirosa gosta de atingir a honra das pessoas, mas não tem coragem de falar na frente da CPI. É uma cascateira", concluiu.
Kátia Abreu foi alvo de diversas declarações de Andressa Mendonça. Dias atrás a mulher de Cachoeira afirmou que Kátia encontrou-se com Cachoeira para conseguir dinheiro para suas campanhas e que teria um dossiê contra a senadora.
O agente aposentado da Polícia Federal Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de fazer interceptação ilegal de e-mails para o contraventor Carlinhos Cachoeira, também evocou o direito de permanecer em silêncio, amparado por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi dispensado, e a reunião foi encerrada.
Segundo a PF, ele é o proprietário da empresa Escola Técnica de Segurança Privada (Etesp), contratada pelo “espião” de Cachoeira, o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, a quem passava um relatório diário com o resultado das interceptações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário