E aí, para dar alguma manchete favorável ao seu candidato em Marabá que não anda lá muito bem nas pesquisas e com mais de ano de atraso, o governador tucano do Pará, Simão Jatene resolveu dar as caras na província rebelde.
O "Governador do NÃO", nesta viagem como todo o jeito de campanha eleitoral, vem entregar 10 leitos de UTI no já saturado Hospital Regional do Sudeste de Mrabá e assinar as "ordens de serviços" de duas obras. Além da construção do "Centro de Convenções", Jatene autoriza, enfim, depois de centenas de acidentes e dezenas de vítimas, a operação "tapa-buraco" na
PA-275, do trecho do Entroncamento da BR-155, que liga Eldorado de Carajás a Parauapebas. Os 68 quilômetros, com a "rapidez" que caracteriza todas as ações do governo tucano no Pará, somente ficarão prontos a partir de maio de 2013.
O Hospital do Sudeste atende pacientes de 26 cidades do futuro Estado do Carajás, multidão formada por um milhão e meio de pessoas. Acompanhantes não são aceitos porque não há condições de servir-lhes nem pão com água; faltam itens básicos como gaze e soro. Estrangulado e mal gerido, o Hospital, como de resto a saúde pública no Pará (vide caso da Santa Casa de Misericórdia, em Belém), agoniza.
Sabem o que significa "mais 10 UTIs" à disposição dos pacientes da região do Carajás? Pouco ou quase nada!
Usam os serviços de UTI pacientes em casos de alta complexidade e de traumas graves. A demanda é tão grande que, para atender todos que necessitam dos tais leitos de UTI, seria necessário fazer uma espécie de "revezamento". Cada paciente, antes dos 10 leitos de Jatene, tinham dois dias e meio para sua recuperação. Agora, passarão a ter três dias!
Como, para desespero dos tecnocratas tucanos, alguns pacientes insistem em não se recuperarem em três dias, o que resta às famílias dos mais afortunados é sair correndo com o doente para Teresina, Araguaína e Goiânia. As demais entregam para Deus a vida de seus familiares.
A situação fica ainda mais dramática quando somente o SAMU de Marabá atendeu algo como 4 mil chamadas de emergência, boa parte delas de vítimas de trauma, justamente os pacientes que em 80% dos casos precisam de UTI!
Ou seja, os "10 leitos" de Jatene, trata-se de um daqueles casos em que pretende-se curar câncer com aspirina!
Ah, sim. É bom lembrar que o Hospital Regional do Sudeste dispõe de 77 leitos de enfermaria. É isso mesmo que você leu: 77 leitos para atender à demanda de 1.500.000 pessoas!
Ah, sim. É bom lembrar que o Hospital Regional do Sudeste dispõe de 77 leitos de enfermaria. É isso mesmo que você leu: 77 leitos para atender à demanda de 1.500.000 pessoas!
No que concerne ao asfalto, o que dizer?
Levar quase um ano para tapar buraco em 68 km de uma estrada, de intenso tráfego e em precárias condições, serve apenas para colocar placa a demonstrar que o governo Jatene "está trabalhando". Em tempo de eleição, servirá aos candidatos de Jatene como "prova" do "interesse e do empenho do Governador em garantir o desenvolvimento da região", como me disse hoje pela manhã um tucano. Traduzindo: obra de véspera de eleição.
A PA-275 precisa de obras de verdade como sua duplicação, construção de acostamentos, recuperação de pontes, lombadas eletrônicas e sinalização. Fora disso é rigorosamente mais um "punhado de miçangas a ser distribuído aos arigós", com um custo que merece total fiscalização por parte da cidadania (é preciso saber quem fará a obra, qual a qualidade do asfalto, quanto custará "oficialmente", quantos "aditivos" a inflarão...).
Quanto ao "Centro de Convenções" de Marabá, data venia, precisamos é do Porto Público, do Polo Metal Mecânico, de novas escolas de ensino médio, de mais policiais civis e militares aquartelados em Marabá. R$ 19 milhões, valor estimado do tal "centro de convenções" poderia ser melhor utilizado em cinco novas escolas!
Governar é fazer escolhas. E com suas escolhas Jatene mostra que mais importante para ele é a arquitetura do prédio que os pilares sólidos para o desenvolvimento econômico. Uma pena. Tomara que um dia mude. Acho difícil Jatene mudar suas prioridades. Mais fácil é o eleitor acabar decidindo mudar de governador.
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