O Palácio do Planalto deu autorização aos ministérios da Educação e do Planejamento para que cedem em dois pontos para pôr fim à paralisação que já dura 69 dias.
Técnicos reunidos na Educação acabam de reformular em dois pontos a proposta feita na semana passada. A decisão foi tomada após impasse em reunião realizada ontem no Planejamento.
O governo decidiu ampliar o pacote de reajuste orçado de R$ 3,9 bilhões para R$ 4,2 bilhões para o intervalo 2012-2015. O montante havia sido apresentado na semana passada para encerrar a greve que atinge 57 das 59 universidades e 33 dos 38 institutos tecnológicos federais do País. A proposta, contudo, foi rechaçada pelos professores. O governo decidiu então que irá elevar o total inicialmente previsto no orçamento, aumentando assim o ganho para até mais de 45% como sugerido anteriormente.
Segundo a nova proposta, o reajuste mínimo será de 25% - até então, o índice era de 12%. A alteração provocou um impacto adicional de 7,7%.
O topo da categoria não teve sua oferta alterada: professores titulares, com doutorado e dedicação exclusiva, continuam com um reajuste de 40%: o salário saltaria de R$ 12,2 mil para R$ 17 mil.
O governo também alterou a data para o início do reajuste: antes previsto para o segundo semestre, agora ele será antecipado para março de cada ano.
As entidades que representam os docentes ainda não deram uma resposta à oferta feita pelo governo --no momento, eles estão discutindo os termos da contraproposta.
Outro ponto no qual os professores bateram pé e o governo irá flexibilizar diz respeito à construção de um plano de carreira que atenda aos docentes. O Planalto entende que esta é reivindicação central e logo mais irá formalizar a criação de um grupo de trabalho interministerial para redesenhar o modelo.
As mudanças foram o motivo da transferência da reunião agendada inicialmente para as 14h de hoje, remarcada para as 17h. O governo entendeu que ceder em alguns pontos é a única forma de debelar a greve antes do fim das férias dos alunos, na próxima semana.
O secretário de relações do trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, liderou as negociações de ontem e disse ao final da reunião que “gostaria” de encerrar a greve até o final desta semana.
As palavras de Mendonça mostraram o quadro de desconforto do governo com a continuação da greve. “Hoje [ontem] não avançamos nada”, afirmou.
Após a reunião, Mendonça se reuniu com a ministra Miriam Belchior (Planejamento) para apresentar o quadro de impasse. A ordem da ministra foi para tentar um acordo flexibilizando a postura na mesa de negociações.
A própria Dilma autorizou que era hora de finalizar a greve para evitar arranhões na imagem de seu governo, ameaçado por uma série de manifestações grevistas por servidores públicos.
Com isso, a presidente muda o discurso de que o governo jogaria duro com grevista, argumentando que a crise internacional não permite aumento de gastos. A postura pode abrir o flanco para ouras categorias exigirem tratamento semelhante ao recebido pelos professores federais.
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