Na tarde de ontem (15), o deputado federal Claudio Puty (PT-PA), publicou em seu blog pronunciamento feito na segunda-feira (11) na tribuna da Câmara Federal, no qual faz um duro balanço do governo de Simão Jatene (PSDB).
A manifestação do deputado petista é longa e vocês poderão lê-la na íntegra aqui.
Contudo, três trechos chamam a atenção e peço que leiam a seguir.
Em primeiro lugar, Puty, que durante o plebiscito de dezembro passado posicionou-se, de forma elegante diga-se, contra a criação de Carajás e Tapajós, ressalta a notória concentração de investimentos do governo Jatene em Belém, enquanto Carajás e Tapajós vivem à míngua, sem que qualquer política de desenvolvimento sustentável seja apresentada como alternativa de integração ordenada do enorme território deste estado paquidérmico que Jatene, por vaidade e cálculo eleitoreiro, quis manter unido, contra todas as evidências que apontavam a criação dos dois novos estados como o único projeto de crescimento econômico e de inclusão social que alcançaria, direta ou indiretamente, todos os habitantes do Estado do Pará.
Em seguida, Claudio Puty faz uma grave denúncia. Segundo ele, POR CONTA DA INCOMPETÊNCIA DOS TÉCNICOS TUCANOS O PARÁ PERDEU DIVERSOS CONVÊNIOS ENTRE ELES RECURSOS DESTINADOS ÀS OBRAS DO PAC EM BELÉM.
Leiam o que diz Puty: "E as obras do PAC, que são de responsabilidade do Governo do Estado do Pará paralisaram: a macrodrenagem da bacia do Tucunduba, em Belém, as diversas obras de habitação na capital e na região metropolitana de Belém paralisadas, Fé em Deus, Taboquinha, Pantanal/Mangueirão, Residencial Liberdade, obras em andamento e que hoje estão abandonadas, depredadas e que dá pena, tristeza de ver que a população perdeu aquele recurso, perdeu aquele benefício por uma jogada de disputa política mesquinha por parte do Governo do Estado.
Nós deixamos de acessar recursos importantes para a estruturação do trânsito na região metropolitana de Belém, a ampliação, a duplicação da antiga 1º de Dezembro — que é uma avenida importante de acesso a Belém, hoje chamada de João Paulo II, feita em convênio com a agência de fomento e de cooperação japonesa, chamada JICA — foi perdida, pelo menos temporariamente esquecida, porque o Governo atual perdeu todos os prazos de realização de seus convênios, porqu e isso seria contraditório ao discurso de que não encontraram recursos em caixa.
Com isso, hoje, nós temos na cidade de Belém um verdadeiro caos no trânsito, ainda mais agora que o Prefeito resolveu fazer obras do BRT na região metropolitana de Belém. Nós não temos outra alternativa de escoamento do trânsito, por quê? Porque foi perdido aquele recurso, aquele recurso não foi acessado, o trânsito é um caos em toda a região metropolitana de Belém."
Confirmadas estas denúncias estaríamos diante de um caso de tanta incompetência e descaso com a gestão de recursos públicos que se torna exigível que o Governo do Estado seja investigado, responsabilizado e devidamente punido. Um escândalo tão grave quanto compras superfaturadas ou fraudes em licitações. Um escândalo para o qual o Ministério Público Federal e a Assembleia Legislativa do Pará não podem fechar os olhos.
Puty fustiga ainda a famigerada Taxa da Mineração, um tiro dado por Jatene em seu próprio pé, gestado pelos gênios tucanos no calor da campanha do plebiscito de dezembro passado. Esta taxa, que tive o prazer de contestar desde sua proposição, atendia a dois objetivos claros. De um lado, servia para criar uma falsa "união pelo Pará" liderada, claro, por Jatene que aparecia como um baluarte na luta por mais recursos para o Estado enfrentando o dragão da maldade, encarnado pelas mineradoras, em particular a Vale. De outro lado, a cifra prevista para ser arrecadada, algo em torno de R$ 800 milhões ao ano, servia como uma cenoura alçada à frente de deputados, prefeitos e vereadores a motivá-los na luta (explícita ou, o que é pior, sub-reptícia) contra Carajás e Tapajós. Muitos já se viam embolsando as "verdinhas" que Jatene lhes prometia! A fila cresceu à frente do Palácio dos Despachos, formada por estes bravos à espera dos óbulos que o "governador do NÃO" lhes daria. Passados seis meses, da tal "Taxa" não se viu um centavo. Como lembra Puty e como tive a oportunidade de informar meses atrás, a Vale, através da Confederação Nacional da Indústria contesta a cobrança do tributo (que, ressalto, é notoriamente inconstitucional) e vem consignando em juízo os valores que deveriam ser cobrados pelo Estado do Pará. Mais um fiasco na conta do tucanato paraense que, até aqui, não disse a que veio.
Muitos dirão que as críticas de Puty são motivadas por interesses partidários ou eleitorais, como se isso as tornassem inválidas! De quem deveríamos esperar tais críticas? Dos aliados de Jatene que contam com os recursos estaduais para as disputas municipais deste outubro? Da grande imprensa, que vive das gordas verbas publicitárias do Governo do Pará?
Com sua intervenção Puty demarca um campo que, acredito, deverá nortear as intervenções não apenas de petistas mas de todos aqueles que sabem que é preciso exercer a divergência em relação a um governo movido à factóides, sem norte e sem roteiro e que, caso não mude radicalmente de rumo, sem futuro também.
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