Depois de mais de sete horas de depoimento, chegou ao fim, por volta das 18h desta quarta-feira (27), o depoimento do jornalista Luiz Carlos Bordoni, na CPI do Cachoeira. Nas alegações finais, Bordoni disse que foi à CPMI sem habeas corpus, para colaborar e "sem medo da verdade".
Disse que reconheceu aos parlamentares um imposto não recolhido, referente a depósito de R$ 45 mil feita na conta da filha dele, pela empresa Alberto e Pantoja, que seria ligada a Carlos Cachoeira. O jornalista alega que o pagamento, feito em caixa 2, é referente a serviços prestados na campanha política de Marconi Perillo, em 2010. Ele afirma, ainda, que recebeu das mãos de Perillo mais R$ 40 mil em espécie.
"Não cometi fraude, só não coloquei dinheiro na minha conta por quê corria o risco de ser bloqueado por uma ação judicial que ainda corre contra mim. Refuto essa pecha de marginal que querem me imputar e isso não é relevante à questão da CPMI", alegou, reforçando um pedido feito ao longo do depoimento. "Quero ver é ser quebrado o sigilo fiscal da empresa Alberto Pantoja, para apurar os caixas 1 e 2 das campanhas", e desafiou. "Posso realizar acareação com todos que citei aqui", concluiu.
Bordoni também afirmou ter recebido "dinheiro sujo" para quitar uma dívida de campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). "Eu trago aqui a verdade dos fatos. Pelo meu trabalho limpo eu fui pago com dinheiro sujo", afirmou.Em abril de 2010, Bordoni disse ter fechado verbalmente, em uma conversa com Perillo, sua atuação na campanha, na área de rádio. Sem contrato, ele disse que acertaram que a participação seria de R$ 120 mil na campanha e R$ 50 mil de bônus pela vitória.
Segundo o jornalista, do total de R$ 120 mil, foram pagos durante a campanha R$ 80 mil da seguinte forma: R$ 40 mil das mãos do próprio Perillo, R$ 30 mil do setor financeiro da campanha e R$ 10 mil do ex-tesoureiro de campanha, Jayme Rincón. Ficou faltando uma parcela de R$ 90 mil, sendo R$ 40 mil pela campanha e o restante referente ao bônus.
Bordoni disse que, parar quitar a dívida, deu o número da conta de sua filha, Bruna, para o ex-assessor especial de Perillo, Lúcio Fiúza Gouthier. "Ao Lúcio foi dada a conta de Bruna. Não a cascatas ou a cachoeiras", ironizou. No dia 14 de abril de 2011, ele afirmou que a conta da filha recebeu um depósito de R$ 45 mil feito pela Alberto & Pantoja. O restante foi pago pela Adécio & Rafael Construtora e Terraplenagem.
O jornalista, que colocou à disposição da CPI seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, disse nunca ter se preocupado com "quem depositou" os recursos. "Para quê e por quê eu iria mentir, meus amigos? Eu fiz um pacto com meu amigo Marconi. Quem tem amigos como tal, não precisa de inimigos", afirmou. Para ele, Perillo "faltou com a verdade" no depoimento que prestou à CPI, negando o caixa dois da campanha. Em resposta, o governador afirmou que processará o jornalista pelas acusações, classificadas como "falsas, levianas, fabulosas e sem provas".
O depoimento foi marcado por momentos tensos, bate-bocas e até mesmo uma ação exaltada do senador Mário Couto (PSDB-PA), que abandonou a sessão aos gritos, depois de levantar acusações contra Bordoni e ser repreendido pelo vice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Ao tomar a palavra, Mário Couto iniciou as alegações afirmando que iria pedir as notas taquigráficas para processar Bordoni: "A sua fala lhe incriminou. Irei entrar no Ministério Público e na Polícia Federal!", afirmou.
Mário Couto, afetando indignação, batia a mão na mesa e se direcionava tanto a Bordoni quanto aos demais integrantes da CPMI.
E continuou. "Disse que recebeu dinheiro sujo. Por quê não devolveu? Tinha açúcar? Era revestido de ouro? " Ainda mais exaltado, afirmou: "que moral tem esse depoente para vir aqui". Neste momento, a mesa interveio e Paulo Teixeira pediu respeito com o depoente. Depois de abandonar a sessão revoltado, a sessão foi retomada.
Outro momento de tumulto na bancada tucana se deu quando Bordoni disse que integrantes da CPMI estariam sendo orientados por meio de celular para o pressionarem durante o depoimento. "Quem tiver recebendo orientação pelo celular para me atacar, fique à vontade", disse. Após a afirmação, iniciou-se um bate boca entre deputados e o depoente.
O depoimento de Bordoni foi o único colhido pela sessão desta quarta-feira (27/6). Também foram convocados o presidente da Agetop, Jayme Rincón, e a ex-chefe de gabinete de Marconi Perillo, Eliane Pinheiro. Rincón não foi à CPMI depois de apresentar atestado médico. Já Eliane Pinheiro se valeu de um habeas corpus, como tem sido comum, para se manter em silêncio. Durante a sessão, a deputada federal Iris Araújo (PMDB), a Dona Iris, questionou o atestado médico apresentado por Jayme Rincón, apresentando informações do twitter oficial da equipe de Marconi Perillo de que o presidente da Agetop estará na inauguração de obras na quinta-feira (28/6). Rincón respondeu em nota, também encaminhada à CPMI, que logo irá prestar depoimentos à sessão e que Iris "não perde por esperar".
Mais cedo, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou, durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) desta quarta-feira (27/6), no Congresso Nacional, que pedirá a acareação entre o jornalista Luiz Carlos Bordoni e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Durante sua fala de abertura na sessão da CPMI, Bordoni reafirmou a versão sobre os pagamentos relativos à prestação de serviço no progama de rádio da campanha de 2010 de Marconi Perillo (PSDB) ao governo do Estado. “O que existe, senhores, é um pagamento feito com caixa 2", afirmou o jornalista.
A deputada federal Iris de Araújo, a Dona Iris (PMDB), começou suas perguntas lembrando que conhece Bordoni há muito tempo por ser de Goiás. A peemedebista questionou a entrevista concedida pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça à revista Veja. Na entrevista, Andressa afirma que Cachoeira reclamou que estava sendo chantageado por uma pessoa.
Segundo Dona Iris, a versão foi dada apenas um mês após Bordoni ter explicado os pagamentos recebidos por ter trabalhado na campanha de Marconi. "Para mim é estratégia ou incompetência. Parece a questão da compra da casa em que várias versões foram dadas".
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