João Salame não é mais Vice-Líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).
Em ofício ao governador Simão Jatene, datado de 22 de dezembro, o deputado marabaense formalizou a renúncia ao cargo, colocando ainda à disposição de Jatene as indicações que fez para cargos estaduais.
A decisão em afastar-se da vice-liderança do governo, claro, tem relação direta com a atuação do parlamentar na defesa de Carajás e Tapajós.
Depois de confrontar a elite belenense (da qual o governador é exemplo melhor acabado), com análises ácidas que mostram a real situação de penúria do Governo do Pará, Salame realmente não poderia seguir defendendo Jatene sem parecer incoerente.
Em seu ofício, Salame afirma que não entregou o cargo durante a campanha do plebiscito nem imediatamente após para "não criar nenhum factóide que esgarçasse ainda mais" o relacionamento com Jatene.
Fez bem o deputado.
O maior compromisso que precisa ter e demonstrar é com a luta pela criação dos estados de Carajás e Tapajós.
A derrota do SIM apenas adiou o desfecho desta história. Mas, a postura dos líderes políticos e empresariais neste plebiscito (e logo após) ainda precisa ser melhor avaliada.
Salame, por seu empenho, tornou-se líder de um movimento que seguirá latente. Por sua atitude, ao devolver o cargo a Jatene, merece o respeito de todos nós.
Segue a íntegra do ofício de João Salame:
Senhor Governador,
A par de cumprimentá-lo, serve o presente para comunicar a Vossa Excelência minha renúncia à função de Vice-Líder do Governo na Assembleia Legislativo do Pará.
Os recentes acontecimentos políticos envolvendo o Plebiscito sobre a Divisão do Estado tornam insustentável continuar nessa função. Não lhe entreguei o cargo durante o plebiscito e no momento imediatamente posterior para não criar nenhum factóide que esgarçasse ainda mais nossas relações. Permanecer na função, no entanto, seria demonstrar apego demais por cargos, o que não coaduna com minha história de lutas em defesa de uma sociedade mais justa e da ética na política.
Nesta oportunidade quero deseja a Vossa Excelência e à sua família um Natal com muita paz e saúde e um Ano Novo repleto de realizações.
Atenciosanente,
JOÃO SALAME
Deputado Estadual
Caro blogueiro,
ResponderExcluirNão percebi, pelo ofício do Ilustre Deputado, da sua intenção de não "ter apego ao cargo", se assim fosse, o nobre Deputado, devolveria também todos os cargos em que possui apaniguados nos diversos escalões do atual Governo: do Jatene. Não custa fazer um esforço de memoria e lembrar, que no Governo da Ana Julia, seus apaniguados permaneceram nos tais cargos até o final da Gestão Carepa; sendo que alguns desses, só mudaram de cargos ou Secretarias, continuaram lotados nas esferas do Governo, agora Jatene. "Se ai Gobierno, estoi dentro!" Não é João?
Meu Caro Anônimo, deixei claro no texto que João Salame entregou o cargo que ocupava e colocou à disposição as nomeações sugeridas por ele ao governador. Relendo a cópia do ofício percebo que, ao transcrever omiti um parágrafo no qual o deputado trata da questão. Para evitar retocar o post atual vou providenciar o ofício de Salame em outro formato de arquivo e republicá-lo.
ResponderExcluirMas, acredite, não teria qualquer relevo (e nem sentido, diga-se), uma renúncia "capenga".
Por fim, obrigado pela atenção, seja sempre bem vindo e, da próxima, decline seu nome. É sempre bom saber o nome dos nossos interlocutores. De toda sorte, já o considero amigo.
Um forte abraço
Meu caro anônimo. O Wilson já fez a retificação, mas quero esclarecer algumas coisas. Reafirmo o que disse: não tenho apego a cargos. Mas não faço política com demagogia. Ocupar cargos é parte natural de uma política de alianças, seja ela pontual ou estratégica. É a forma de se materializar a execução de políticas públicas. Não vejo problema alguma nisso quando há identidade de propósitos.
ResponderExcluirNo governo Ana Júlia estabeleci uma política clara de relacionamento, onde cumpri rigorosamente a minha parte. E, desde o início, comuniquei à governadora que não a apoiaria em sua reeleição. Ela precisava do meu apoio e eu precisava de apoio aos municípios que representava. Tanto que nunca houve cobrança entre nós. Até hoje nos respeitamos.
Agora, não me sinto confortável em continuar como vice-líder do governo em função do que ocorreu durante o plebiscito. A decisão de renunciar a esse cargo pertence apenas a mim. E a tomei. Quanto às indicações que fiz ao governo não me pertencem e sim a quem foi nomeado e a quem nomeou. Por isso devolvi as indicações ao governador. Ele que tome a decisão que julgar mais conveniente.
Você não conhece minha trajetória de vida. Na maioria dos governos sempre fui oposição. Inclusive apoiei o ex-presidente Lula em 3 oportunidades, quando fomos derrotados. Quando o governo Geraldo Veloso se instalou pela primeira vez em Marabá rompi no terceiro mês de administração. E permaneci na oposição durante todo o seu governo.
Não tenho crise de consciência em participar de governos, como nunca tive medo de ser oposição. Como nunca tive medo de assumir minhas oposições e colocar meu nome em baixo. Conheça um pouco minha história e você saberá disso.
Forte abraço