22 de junho de 2012

Coreanos e japoneses reclamam de precificação do minério feita pela Vale

A notícia não podia vir em pior hora. A mineradora Vale está envolvida em uma séria queda-de-braço com alguns de seus principais clientes.
Os coreanos andam insatisfeitos com a forma com que a Vale vem estabelecendo seus preços. A mineradora brasileira, de olho na crise internacional, reduziu as garantias de preços, que eram anuais, para menos de 120 dias. Com isso o faturamento do minério sofre frequentes variações.
Japoneses também fizeram coro às reclamações coreanas.
Ontem (21) o presidente da companhia, Murilo Ferreira disse que negocia minério de ferro com os clientes nos sistemas de preço que eles consideram mais adequados, mas não acha justo mudanças frequentes no esquema de precificação.

A afirmação foi feita em resposta a uma declaração do presidente da siderúrgica coreana Posco, que disse ter esperanças de que a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, e outras mineradoras voltem ao sistema anual de precificação do minério de ferro, esquema abandonado há alguns anos.
De acordo com o executivo coreano Joon-Yang Chung, a precificação anual traria mais estabilidade para a indústria, num momento de volatilidade dos preços do minério.
"Pelo que entendi, ele (presidente da Posco) acha que seria a melhor forma de negociação (a anual)... O que os clientes acharem mais apropriado, nós vamos fazer. O que não podemos é optar por um mecanismo de preço e daqui a dois meses, mudar. Isso não", disse Ferreira a jornalistas, em evento da Rio+20.
"Nós somos vendedores e gostamos quando os nossos clientes ficam felizes", acrescentou ele.
Ferreira foi um dos palestrantes no Basd (Business Action for Sustainable Development), fórum que tem apoio de empresas nacionais e estrangeiras e participação de centenas de executivos.
Para as mineradoras, o retorno ao sistema anual não seria vantajoso no momento, uma vez que essas companhias ainda conseguem se beneficiar de eventuais altas no mercado, com boa parte das operações baseadas em contratos de curto prazo, segundo uma importante fonte do setor.
Indagado sobre qual seria o melhor sistema para a Vale, ele afirmou: "Todos são bons".
A Vale anda às voltas com uma dívida fiscal bilionária. Isso impede que grande parte de suas subsidiárias contraiam empréstimos no exterior. Apesar de uma crise de liquidez não ser uma possibilidade imediata, a mudança no esquema de formação de preços poderia abalar consideravelmente o balanço anual da mineradora e tornar a posição de Murilo Ferreira mais frágil à frente da empresa.
 

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