O mafioso Carlos Cachoeira teria sido alertado sobre a Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal no final de fevereiro, que resultou em sua prisão, além de 80 mandados de busca e apreensão. O alerta, segundo grampos interceptados com autorização judicial, teria vindo do deputado federal Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), que em agosto do ano passado teria ligado para Cachoeira para contar sobre um “zunzunzum”.
O parlamentar diz: “Eu conversei com o rapaz lá. Eu ouvi um ‘zunzunzum’, sabe de uma pessoa dessas que participaram dessa operação. Que é amigo dele e alertou. Entendeu? Então, já é a segunda pessoa com a mesma coisa. Então, tem um fundo de verdade mesmo”. O empresário então pergunta se seriam pessoas diferentes, no que Leréia responde que são “gente da mesma origem”, destacando que o tal indivíduo conhece bem o pessoal, “inclusive” aqueles que foram detidos “naquela operação”. Cachoeira então afirma que falará com a pessoa certa e depois falará com Lereia.Lereia aparece em 72 ligações com Cachoeira, grampeadas pela Operação Monte Carlo. São tratados assuntos referentes à acomodação de indicados do empresário do jogo no governo do Estado, o que evidência possível tráfico de influência. O tucano, como noticiado na semana passada pela Folha de São Paulo, fez uso de seu cargo como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara para facilitar a emissão de vistos aos Estados Unidos à sogra de Cachoeira. Em outra ocasião, o deputado teria usado o cartão de crédito do empresário para pagar despesas pessoais.De março a agosto de 2011, Lereia aparece em cinco transcrições da PF como possível beneficiário de dinheiro repassado pelo grupo do empresário. Os repasses, cujos valores variavam de R$ 15 mil a R$ 25 mil, aparentam ser mensais, conforme observações da PF. Em um dos diálogos, Cachoeira trata do repasse de R$ 25 mil a Leréia com o homem tido como seu tesoureiro, Geovani Pereira da Silva – que afirmou que irá cooperar com as investigações, tendo ficado foragido da Justiça por cerca de dois meses. O empresário diz: “Os 25 do Leréia você lembra, né?”; Geovani pergunta se é para repassar a quantia “amanhã” e em seguida afirma que irá “arrumar”.
A amizade entre Lereia e Cachoeira levou a Corregedoria da Câmara a investigar o deputado, com possibilidade de que seja aberto contra ele um processo de quebra de decoro parlamentar com possível cassação de seu mandato – mesmo caso em que se encontra o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido).
A PGR (Procuradoria-Geral da República) também obteve junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) autorização para investigá-lo. Já o PSDB nacional cogita a possibilidade de pedir o afastamento de Lereia.
Por meio de nota, o deputado garantiu que quando convocado para se pronunciar terá o devido espaço para “elucidar cada item relacionado ao meu nome, e esclarecer todos os fatos ao meu partido, ao Congresso Nacional, a sociedade, e principalmente a minha família, amigos e eleitores”. (Com informações da Folha.Com e da Ag.Estado)
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