Bem, queridos, como puderam perceber, hoje houve poucas postagens novas no blog. Para quem, como dizem alguns poucos detratores (risos), comenta até briga de vizinho, reconheço que fui pouco produtivo.
Mas, vocês verão que foi por uma boa causa.
Percorri os cerca de 130 quilômetros que separam Marabá de Curionópolis.
Por dever de ofício, aventurei-me pelas terríveis BR-155 e PA-275. E o cansaço é grande. Chego a festejar ter chegado inteiro em casa.
Todos os detalhes vocês poderão ler na próxima edição do jornal O Carajás.
No momento faço apenas algumas anotações que considero urgentes.
Nada, nada mesmo, que se diga pode traduzir a situação miserável em que se encontram as duas rodovias.
Os buracos são tantos e de tão variados tamanhos que ao motorista é dado apenas escolher cair em um buraco grande ou em vários pequenos.
O trecho, relativamente curto, é feito em pelo menos três horas.
Na BR-155 (novo nome da PA-150), contei pelo menos 12 trechos de alto risco em 100 quilômetros. Em apenas um deles existe sinalização por parte da Polícia Rodoviária Federal. Nos demais, depende-se da boa vontade dos motoristas que transitam em sentido contrário.
Em muitos pontos formam-se filas de carros, micro-ônibus e carros de passeio que precisam aguardar a passagem dos demais veículos para então, invadindo a contra-mão, prosseguir na viagem.
O mato, que ocupa as margens da rodovia, agora quase chega invadi-la.
Na PA-275 o cenário é de uma área vítima de bombardeio.
Nos trechos próximos a Eldorado do Carajás a situação é ainda pior. Verdadeiras valas ocupam a pista de um lado a outro e obrigam os carros a um zigue-zague que pode ser mortal.
Pontes estão parcialmente interditadas. Em uma delas, pneus colocados em uma das mãos para sinalizar crateras enormes que deixam ver as ferragens corroídas da ponte, acabaram por reduzir drasticamente a largura da pista.
Isto tudo e ainda março mal começou! As chuvas previstas para este e para o próximo mês, caso caiam com a intensidade informada pelos especialistas, provavelmente interditará as rodovias.
Porém, não pensem que não há homens trabalhando nas rodovias!
Sim, homens trabalham ali.
Homens, mulheres e crianças trabalham espalhando areia, seixo e entulhos nos pontos mais críticos. São desempregados que viram no estado deplorável das rodovias, uma forma de prover um mínimo de comida para si e seus familiares. Jogam e espalham a areia e esperam que os motoristas lhes joguem algumas moedas. Um espetáculo lastimável e que envergonha qualquer um que tenha ainda um resquício de humanidade.
Confesso que o cenário que vi deixou-me, a um tempo, triste, indignado e envergonhado.
Triste por ver abandonadas as vias de acesso da região mais rica da Amazônia.
Indignado por saber que não há nenhuma explicação que não seja o descaso governamental a justificar esta situação.
E envergonhado por ver que, na quinta economia do planeta, seres humanos são obrigados a submeterem-se às formas aviltantes e degradantes de trabalho que vi hoje. Para não ceder a tentação de entregarem-se ao crime ou à prostituição esses miseráveis fazem as vezes deste enorme estado tão ausente, tão incompetente!
Espero sinceramente que essa situação aviltante para nós, carajaenses, amazônidas, brasileiros, tenha paradeiro.
Peço aos representantes de Carajás no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa que exijam providências urgentes. Não nos envergonhem. Cumpram o seu dever. Salvem vidas. Porque, a tudo continuar assim, não levará muito tempo para termos um acidente de grandes proporções e muitas vidas ainda poderão ser perdidas.
Senhores políticos, em duas palavras: MEXAM-SE!
Seu relato reforça a preocupação de todos os moradores e usuários destas duas estratégicas rodovias do Sul do Pará.
ResponderExcluirEm audiência com o diretor-geral do Dnit, General Jorge Ernesto Pinto Fraxe, o deputado federal Giovanni Queiroz, foi informado que nos próximos dias será publicado o Edital de Concorrência Pública para a recuperação do trecho por você citado no post.
Agora, em relação às providências do trecho sob responsabilidade do Governo do Estado, é melhor, como último recurso, fazer uma promessa ao Santo das Causas Impossíveis, uma vez que só com a ajuda Divina, é possível alguma mudança.
Volto a afirmar. O Estado do Pará está em situação pré-falimentar e não tem perspectiva, a curto prazo, de qualquer solução.
Alertamos isso à população do Pará na campanha do plebiscito.