17 de março de 2012

Operação Monte Carlo - Cachoeira rouba o sono de medalhões da República, diz Época

A revista Época volta a abordar os estranhos caminhos que ligam Carlos Augusto de Almeida Ramos, o "Carlinhos Cachoeira", a elementos que integram a cúpula dos maiores partidos do País.
Para relembrar, comecemos dizendo que Carlos Augusto de Almeida Ramos não é um delinquente qualquer. Por trás do apelido prosaico, Carlos Augusto é herdeiro de um vasto império do jogo que, a partir do Estado de Goiás, tem ramificações por todo o País e que alcançou até mesmo a ante-sala presidencial quando Lula reinava em Brasília e tinha em José Dirceu seu grão-vizir. Insatisfeito com os valores cobrados por Waldomiro Diniz para garantir contratos com a Caixa Econômica Federal para exploração da jogatina oficial, Cachoeira grampeou as conversas e derrubou o esquema que irrigou campanhas petistas desde 2002. Benedita da Silva, no Rio de Janeiro e Geraldo Magela, no Distrito Federal foram alguns dos beneficiados pela generosidade do contraventor.
Mas, que ninguém imagine que as conexões de Cachoeira nasceram sob as bençãos do lulu-petismo.
A reportagem de Época mostra, por exemplo, que Maguito Vilela, ex-governador de Goiás e atual prefeito de Aparecida de Goiânia pelo PMDB entregou a Cachoeira, de 1995 a 1998, nada menos que a loteria de Goiás. Também puderas, Maguito e Cachoeira são amigões. Tanto assim que Cachoeira é padrinho de casamento de Maguito.

Como se sabe, para o casamento de outro amigão, o senador Demóstenes Torres, do Democratas de Goiás, Cachoeira reservou dois mimos. Um fogão e uma geladeira foram ofertados pelo mafioso ao senador e paladino da virtude. E não se diga que foram eletrodomésticos que eu ou você possamos comprar "a perder de vista" nas Casas Bahia. Foram peças que compunham uma cozinha exclusiva. Modelos iguais aos ofertados à Demóstenes podem ser vistos na cozinha...da Casa Branca, nos EUA!
Além de democratas, Barack Obama e Demóstenes tem mais coisas em comum, não é?
Para completar, a casa na qual Cachoeira foi preso pertencia até poucos meses antes ao atual governador tucano de Goiás, Marconi Perillo. Além de negociar imóveis, Perillo e Cachoeira também mantinham relações comerciais no plano institucional. A empresa que aluga quase todas as viaturas que equipam a Polícia Militar de Goiás é a Delta. Ganhou um pauzinho de picolé quem gritou aí que Cachoeira é o dono da Delta!
São essas relações para lá de suspeitas que explicam porque em seu discurso explicativo sobre suas relações com Cachoeira, Demóstenes Torres foi aparteado e recebeu a solidariedade de nada menos que 43 senadores! Um recorde! Todos acharam perfeitamente legítimo que um senador da República recebesse mimos valiosos de um chefe mafioso. Um espanto! Pior que isso: Cachoeira mandou habilitar 15 rádios da Nextel em Miami. Visava a impedir interceptação telefônica das conversas entre seus principais gerentes. O sistema era batizado como 14+1. O "1" em questão referia-se a Demóstenes, presenteado com um aparelho de comunicação direta com o mafioso. Quão republicanas eram essas conversas somente uma investigação específica da PF poderá demonstrar.
Porém, agora essas relações podem ser totalmente desnudadas. É que Carlos Augusto, recolhido em uma cela no presídio federal de segurança máxima em Mossoró, Rio Grande do Norte, articula a delação premiada. Promete contar tudo o que sabe em troca de uma redução drástica de sua pena. A mera possibilidade que isso aconteça já é suficiente para provocar taquicardia entre petistas, tucanos, demos e outras tantos políticos de diferentes siglas. Em um aspecto, aparentemente, Cachoeira é democrático. Corrompe políticos de diferentes matizes sem qualquer descriminação.
Leia aqui a reportagem de Época.

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