Sou informado pela Agência Estado que Eliana Calmon, nobre corregedora geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quase cumprindo minha profecia (risos), voltou a soltar o verbo durante um evento da magistratura federal em São Paulo. Chamou de "vagabundos" aqueles que lhe fazem oposição. Disse ainda, pelo que se entende, ter uma espécie de missão redentora. Lá pelas tantas, talvez tomada pelos eflúvios advindos da plateia, sedenta pela próxima grande frase de efeito, disparou: "Queremos trazer para luz aqueles que não merecem a nossa consideração".
Calmon além de candidatar-se a Messias da Nova Era do Judiciário, tornou-se general ou (como gosta Dilma, a nossa "presidenta"), uma generala!. “Eu preciso do meu exército que são os bons juízes. Eu sou hoje general, mas eu sou general que sempre gosta de voltar ao campo. Porque é no campo que eu encontro inspiração.”
Como se vê Calmon é sócia-proprietária do exército dos juízes "do bem". Huuuuumm.
Discursos como esses trazem à mente os piores momentos das terríveis perorações de Lula, por seu conteúdo demagógico e com a enorme profundidade de um pires.
Reduzir toda a discussão sobre competências fictas ou reais do CNJ a uma luta do bem contra o mal é uma tremenda tolice. Está no mesmo nível de indigência intelectual que o velho aforismo "A Voz do Povo é a voz de Deus".
Depois que a mais "política" das formações do STF de todos os tempos entregou-lhe um naco considerável de poder, Calmon parece querer mais. “Minha fala é muito mais política do que minúcias de ordem processual”, disse ela. Nada mais verdadeiro!
Faltou apenas o "chamamento às massas" para que "invadam as ruas" a "clamar" por ética, moralidade, seriedade, como se alguém para defender esses princípios fosse obrigado a concordar com interpretações constitucionais, digamos assim, heterodoxas.
Aos poucos, Calmon torna-se a "Corregedora do Povo". Caso aquela ideia tola de Eduardo Suplicy, que prevê eleição direta para presidente de Tribunais, estivesse em vigor, quem seria páreo para Calmon?
Como para ter opositor basta ter eleição, alguém surgiria. Quanto tempo até este contendor procurar os conselhos profissionais de um marqueteiro? Quanto tempo até termos resoluções do TSE regulando as doações às campanhas do Juiz A contra o B?
Nada pode fazer periclitar a democracia tão rapidamente quanto a demagogia!
São idos aqueles dias em que os juízes só falavam nos autos. Agora eles falam pelos cotovelos. E como se sabe, a fala é coisa do Diabo, que a inventou apenas para por a perder as almas dos tagarelas. Pois o homem, ao contrário do peixe que morre pelo que lhe entra na boca, morre pelo que da sua boca sai.
Assim, seria muito bom que junto com o juramento, quando da investidura os juízes proferissem um solene voto de silêncio. Porém, antes de calar-se seria bom Calmon explicar porque mandou investigar todos os ministros de tribunais superiores e seus parentes para depois negar ter dado tal ordem.
Leia a seguir a reportagem da Agência Estado:
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, voltou ontem a alertar para o que denomina ação de “uma meia dúzia de juízes vagabundos”. Ela disse que essa ala da toga quer intimidar a atuação da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Nós ficamos reféns deles”, declarou a ministra antes de participar de evento que reuniu dezenas de juízes federais em São Paulo. “Isso está acontecendo porque não se acredita no sistema.”
Calmon propôs a convocação de “um exército” de bons juízes para combater os maus. “A grande maioria da magistratura é séria, correta, trabalhadora. Podíamos fazer um exército com esses magistrados. Muitas vezes, meia dúzia de vagabundos terminam por nos intimidar. Ficamos pensando o seguinte, eu vou me expor, vou botar minha carreira em risco para dar em nada.”
Desde que assumiu a corregedoria, Calmon tem sido alvo de retaliações e ataques de um núcleo conservador do Judiciário.
Ontem, a ministra afirmou que “a Corregedoria não aceita que isso (os vagabundos) possa ser escondido”. “Queremos trazer para a luz aqueles que não merecem a nossa consideração, em nome da grande maioria que trabalha.”
Ela admitiu que um corregedor não pode cumprir tal missão sozinho. “Eu preciso do meu exército que são os bons juízes. Eu sou hoje general, mas eu sou general que sempre gosta de voltar ao campo. Porque é no campo que eu encontro inspiração.”
A ministra conclamou com veemência aos magistrados que a ouviam no Juizado Especial Federal que procurem obter melhor estrutura de trabalho. “Devemos parar com a apologia às nossas prerrogativas e lutar mais pelos interesses institucionais da magistratura. Não sabemos conduzir politicamente as nossas reivindicações.”
Penduricalho
“Não é só dinheiro que importa, não é só salário, não é só penduricalho que importa, o que importa são as condições de trabalho”, pregou.
“Minha fala é muito mais política do que minúcias de ordem processual”, reconheceu.
Ela destacou a atuação de focos da magistratura contra o CNJ. “Fomos criados em um momento de muita resistência.”
Calmon falou sobre os “juízes de verdade”. “Os que não são de verdade são os que não trabalham.” Ao criticar o grande volume de ações previdenciárias e a estrutura “muito arcaica” do INSS - que figura na maioria das ações dos juizados especiais - Calmon foi enfática. “Não vai ser debitado à Justiça essa falta de empenho na realização das decisões judiciais.”
Ela afirmou que pode até propor a revogação da Resolução 123, do próprio Conselho Nacional de Justiça, que permite aos tribunais ratearem valores relativos a rendimentos do dinheiro dos precatórios que fica depositado em uma conta específica. Os credores reclamam que essas aplicações deveriam ser revertidas para eles que estão na fila há muitos anos. (AE)
Desde que assumiu a corregedoria, Calmon tem sido alvo de retaliações e ataques de um núcleo conservador do Judiciário.
Ontem, a ministra afirmou que “a Corregedoria não aceita que isso (os vagabundos) possa ser escondido”. “Queremos trazer para a luz aqueles que não merecem a nossa consideração, em nome da grande maioria que trabalha.”
Ela admitiu que um corregedor não pode cumprir tal missão sozinho. “Eu preciso do meu exército que são os bons juízes. Eu sou hoje general, mas eu sou general que sempre gosta de voltar ao campo. Porque é no campo que eu encontro inspiração.”
A ministra conclamou com veemência aos magistrados que a ouviam no Juizado Especial Federal que procurem obter melhor estrutura de trabalho. “Devemos parar com a apologia às nossas prerrogativas e lutar mais pelos interesses institucionais da magistratura. Não sabemos conduzir politicamente as nossas reivindicações.”
Penduricalho
“Não é só dinheiro que importa, não é só salário, não é só penduricalho que importa, o que importa são as condições de trabalho”, pregou.
“Minha fala é muito mais política do que minúcias de ordem processual”, reconheceu.
Ela destacou a atuação de focos da magistratura contra o CNJ. “Fomos criados em um momento de muita resistência.”
Calmon falou sobre os “juízes de verdade”. “Os que não são de verdade são os que não trabalham.” Ao criticar o grande volume de ações previdenciárias e a estrutura “muito arcaica” do INSS - que figura na maioria das ações dos juizados especiais - Calmon foi enfática. “Não vai ser debitado à Justiça essa falta de empenho na realização das decisões judiciais.”
Ela afirmou que pode até propor a revogação da Resolução 123, do próprio Conselho Nacional de Justiça, que permite aos tribunais ratearem valores relativos a rendimentos do dinheiro dos precatórios que fica depositado em uma conta específica. Os credores reclamam que essas aplicações deveriam ser revertidas para eles que estão na fila há muitos anos. (AE)
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