7 de março de 2012

Operação Monte Carlo - Demóstenes Torres nega irregularidade em relação com Carlos Cachoeira


O senador Demóstenes Torres (DEM/GO) ocupou a tribuna do Senado Federal, hoje (6), para negar ter ou ter tido qualquer negócio com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, deflagrada na quarta-feira (29).
Cachoeira recentemente foi condenado junto com Waldomiro Diniz no processo que apurou o pagamento de propinas ao então assessor do poderoso José Dirceu, chefe da Casa Civil de Lula.
A revista Época desta semana traz ampla reportagem, baseada em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça que mostram Demóstenes em colóquios para lá de amáveis com Cachoeira.
Dele recebeu, como presente de casamento, uma cozinha planejada.
"Apesar do relacionamento de amizade, nunca tive negócios com Carlos Cachoeira. As ligações telefônicas apontam para conversas triviais, e se aumentaram quando eu e minha mulher interferimos num episódio envolvendo a mulher de Carlos Cachoeira", afirmou Demóstenes.
Lá pelas tantas Demóstenes afirmou que "não há possibilidade jurídica do meu envolvimento ou de qualquer outro parlamentar neste assunto [...] Estamos em um estado democrático de direito. Com a conclusão das informações, sabe-se que nunca existiu nenhuma investigação que envolve meu nome".
Ora, esta afirmação trata-se de uma manobra esperta. Demóstenes defende-se de forma veemente de algo pelo qual não foi acusado!
A reportagem e aqueles que a repercutiram não afirmaram que o senador demo tenha sido ou estivesse sendo investigado. A Polícia Federal tem em seu poder conversas telefônicas que demonstram grande intimidade entre um senador da República e um notório contraventor que, a toda evidência, comanda um esquema ilegal de exploração de jogos de azar (que até ontem, pelo menos, ainda configurava um ilícito penal), e que um presente foi dado ao referido senador, comprado, é presumível, com dinheiro sujo.
Quero lembrar aqui do caso de Sílvio Pereira, um dos operadores do mensalão petista, que recebeu da GDK uma caminhonete Land Rover de presente. Descoberta a generosa doação, o céu despencou sobre a cabeça do insensato Sílvio.
Bem pesado e medido, estamos diante de situação parecida, senão análoga!
A questão vai muito além dos limites legais. Estamos, aqui, no terreno da política.
Demóstenes é um dos mais encarniçados opositores do petismo e, por diversas vezes, com absoluta razão, criticou a lassidão da Era Lula em relação às práticas bem pouco republicanas de correligionários e aliados. Ocorre que, como evento colateral a uma investigação criminal, foi pilhado sendo presenteado por um, vamos aliviar, suspeito suspeitíssimo!
Ora, nada mais justo que todos queiramos saber os detalhes que envolvem esta tão imorredoura amizade, capaz de juntar um poderoso contraventor ligado ao petismo com um impoluto senador do Democratas.
Ao concluir seu discurso Demóstenes disse que "podem grampear a vontade, não vão encontrar nada . Isso não vai me intimidar [...] A investigação está encerrada. Agora, eu que exijo ser investigado pelo fórum legal, o previsto na Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal". Tem todo o direito de pedir para ser investigado pelo foro privilegiado que o cargo lhe assegura, mas, a verdade é que o estrago está feito. Duvido que o STF o condene. Mas, como vimos a questão jamais foi essa, não é queridos? "À mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer honesta". Ditado velho que nunca sai de moda.

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