5 de março de 2012

China reduz meta de crescimento para 7,5%. Veja os impactos disso na região do Carajás

No Valor Econômico de hoje (5), uma notícia que deve preocupar todos que moram e trabalham aqui na região de Carajás. A China, depois de vinte anos mantendo crescimento constante e em torno de 8% nos últimos sete anos anunciou que estima crescer 7,5% este ano.
Na notícia não é apenas a redução do índice de crescimento que chama a atenção. Nas palavras do premê chinês percebe-se que o gigante asiático pretende mudança de rota, elevando seus padrões de qualidade para o que compra  e para o que vende. Isso significa que o governo chinês decidiu meter o pé no freio e não será por apenas um ano ou dois.
Grande parte do minério extraído nesta região tem como destino a China, que até agora demonstra ter um apetite insaciável por ferro e outros minerais. Mas, esta fúria consumista parece que sofrerá alguma redução. Como os preços na mineração são extremamente sensíveis às mudanças de mercado, poderá haver queda no valor de alguns minérios e com isso, poderemos ter aqui a paralisação de certos projetos que não demonstrem viabilidade econômica de curto prazo.
Mineradoras como a Vale e a Colossus trabalharam seus planejamentos operacionais anuais tendo por base um crescimento chinês na casa de 8,5% a 9%. Terão que rapidamente estabelecer o tamanho do impacto deste anúncio que, apesar das desconfianças, não era tão esperado assim.
Quando combinado com a crise européia ainda em seu ponto de ebulição, o anúncio chinês tem o efeito de tornar mais incerto este 2012.
Cidades mineradoras como Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá são alvos de forte migração daqueles atraídos pelas oportunidades criadas pela indústria da mineração, maior fonte de novos postos de serviço no Pará por cinco anos consecutivos. Ocorre que uma retração do mercado chinês significa na, prática, redução do nível da atividade industrial, paralisação dos projetos em implantação e, por fim, redução dos postos de trabalho. Sem emprego, um pequeno exército de trabalhadores migra para a economia informal gerando um clima de instabilidade crescente. Com a redução da atividade econômica um dos primeiros setores atingidos é a construção civil que acaba por demitir trabalhadores, aumentando a crise.
Na região de Carajás temos um complicador adicional. Os investimentos dos governos estadual e federal foram paralisados em áreas cruciais para o desenvolvimento como logística e energia elétrica o que agrava ainda mais os efeitos de uma crise que ainda não se instalou entre nós, mas que tem potencial suficiente para causar forte impacto em Carajás.
Leia a seguir a reportagem de Juliana Cardoso:
A economia da China deve registrar um crescimento de 7,5% em 2012, conforme documento de trabalho do governo do país apresentado pelo premiê Wen Jiabao na abertura da sessão do Parlamento nesta segunda-feira. É a primeira vez que o governo chinês reduz a meta de expansão econômica após mantê-la ao redor de 8% por sete anos consecutivos, destacou a agência de notícias Xinhua.
"Para alcançar um crescimento estável, vamos continuar ampliando a demanda doméstica e manter a demanda externa constante, desenvolver vigorosamente a economia real, trabalhar duro para conter o impacto de vários fatores de instabilidade e incerteza dentro e fora do país e resolver prontamente questões emergentes que sinalizem tendências desfavoráveis", sustentou Wen Jiabao.
Em 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) da China avançou 9,2%, seguindo uma alta de 10,4% um ano antes. Apenas no quarto trimestre do calendário passado, a economia do país aumentou 8,9%, no confronto anual, o menor ritmo de crescimento em 10 trimestres.
Segundo Wen Jiabao, a China ainda enfrenta muitas dificuldades e desafios domésticos e internacionais em desenvolvimento social e econômico. No âmbito interno, o primeiro-ministro chinês notou que se tornou mais urgente resolver problemas estruturais e institucionais e aliviar a questões de desenvolvimento insustentável, descordenado e desequilibrado.
O ex-ministro assistente de Comércio da China, Huang Hai, avaliou que a revisão da meta de expansão do PIB "não reflete apenas a consideração do governo sobre a situação econômica como também a determinação de mudar o foco para um crescimento de qualidade, deixando espaço suficiente para a transformação dos padrões de desenvolvimento do país".

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