2 de janeiro de 2012

Mudanças no secretariado de Jatene preparam "reserva" de cargos visando Eleições 2012


Simão Jatene reuniu a imprensa paraense, na tarde desta segunda (2), para anunciar algumas mudanças no secretariado de sua gestão. O anúncio foi feito no Gabinete do Comando da Polícia Militar, em Belém.
As principais mudanças anunciadas por Jatene são a ida de Tereza Cativo, que era Secretária de Meio Ambiente, para a Secretaria Especial de Promoção Social e a substituição do Coronel Mário Solano pelo Coronel Daniel Borges Mendes, que passa a ser o novo Comandante Geral da Polícia Militar. José Alberto Colares, uma espécie de coringa de Jatene, deverá ocupar a Secretaria de Meio Ambiente, mas por ora o órgão segue conduzido pelo secretário adjunto. Além disso, órgãos como a COHAB também sofrerão mudanças em seus principais cargos
Ainda durante a coletiva, o governador disse que deve anunciar novos nomes da sua gestão entre os dias 15 e 16 de janeiro. 'Essas mudanças fazem parte de um processo natural no Governo', finalizou Jatene. Agora, o Califa tira alguns dias de férias.
Jatene dedicou o primeiro dia útil do ano para uma rápida turnê pelas principais emissoras de TV de Belém. Esteve na TV Liberal e na Record para "fazer um balanço" do seu governo em 2011.
Claro que, pelo menos sob a ótica tucana, estamos diante de um retumbante sucesso.
Mas, não é bem assim.
O Pará está obviamente quebrado e sem grandes perspectivas de recuperação de receitas para investimentos. A taxa da mineração, que Celso "Riquinho Rico" Sabino em sua infantilidade, chamou de "taxa contra a Vale" (criança fala cada uma, não é mesmo?), será discutida na Justiça muito em breve e a provável concessão de liminar em favor das mineradoras porá em banho-maria a esperança tucana de meter a mão em mais de R$ 800 milhões ainda este ano, suficiente para fazer a maioria dos prefeitos do estado e pavimentar a reeleição de Jatene em 14. Por outro lado, mudanças na Lei Kandir e na CFEM estão cada vez mais distantes diante da crise internacional. Dilma vai priorizar a discussão sobre os royalties do Petróleo e não quer nem ouvir falar em ampliar gastos com pagamento de compensações financeiras aos estados ou renúncia de receita. Com isso, restará ao Califa de Belém, pouco mais de R$ 140 milhões para investimentos, ou seja, um quase nada.
Além disso, Jatene começa a enrolar-se em sua própria teia. A questão do controle sobre a prefeitura de Belém, subjacente no debate no Plebiscito, agora aparece explicitamente. O tucanão sofre pressão do PMDB para apoiar Priante, mas sabe que o PTB, com Almir Gabriel não pode ser desprezado e que dentro do PSDB, Zenaldo "Pantaleão" Coutinho com seus ridículos 2,5% de intenções de votos confronta Flexa Ribeiro na luta pela candidatura própria.
Para completar, Jatene está cada vez mais pressionado pelos dois maiores grupos de mídia do estado e logo terá que escolher entre os clãs Barbalho ou Maiorana. Basta apenas que os interesses variados das duas "Famiglias" ameacem colidir para que passem a exigir posicionamento por parte do Califa. Imagino que, com Jader no Senado e o PMDB vitaminado, o projeto "Helder Barbalho - Governador" levará o PMDB a afastar-se lentamente do ninho tucano.
Assim, as tais mudanças não se relacionam com melhorias nas práticas de gestão ou "ajustes comuns de governo", como quer fazer crer Jatene. Trata-se apenas de manter uma "reserva de contingência" de cargos nos diversos escalões de algumas secretarias estaduais para acomodar aliados e correligionários velhos ou novos. Tereza Cativo e José Colares são apenas técnicos, sem maior representatividade política. Podem ser remanejados facilmente pelo Califa sem grandes complicações futuras. A Secretaria Estadual de Pesca, por exemplo, continua sob a direção do "interino" Henrique Sawaki, à espera que o órgão seja destinado a algum dos integrantes do condomínio criado por Jatene que demonstre interesse.
Ou seja, o ano pode ser novo, mas as práticas continuam as mais velhas possíveis no cafofo do Califa.

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