19 de janeiro de 2012

Disputando prévias do PT em Belém, Claudio Puty diz acreditar na "juventude" e afirma que Dudu foi "o pior prefeito"

Apesar das chuvas que ameaçam fazer submergir Belém, anda quente o clima entre os petistas da cidade. Por algum tempo sem rumo, muito em função da derrota para o governo do Estado em 2010, o PT através das prévias parece tentar juntar seus cacos e se apresentar como partido competitivo nas eleições municipais deste ano. Com nomes como Bordalo e Puty, as prévias realmente conseguiram, no mínimo, tirar a legenda da paralisia. No cenário mais otimista, pode ser o fiel da balança em uma disputa que deverá reunir pesos pesados como Edmilson "Língua Plesa" Rodrigues, Almir Gabriel e José Priante.
Um dos pré-candidatos do PT, Claudio Puty concedeu uma boa entrevista ao site ANN, que vocês podem conferir abaixo. Resumidamente, Puty pretende fazer da juventude (própria e da militância petista) a alavanca capaz de, ao que dizia Arquimedes, mover o mundo e afirma aquilo que já sabemos, ou seja, que "Duciomar foi o pior prefeito que Belém já teve" em muitos anos.
Qual o futuro desta candidatura? Impossível precisar. A DS, tendência de Puty, é forte o suficiente na capital do Pará para vencer o pleito interno. Mas, e depois? Puty descarta alianças no primeiro turno com outras legendas se o preço for o PT abrir mão da "cabeça" da chapa. Ocorre que política é dinâmica por definição e tudo é possível.
De toda forma, caso saia unificado para a disputa, o PT em Belém passa a integrar o grupo dos partidos que disputarão para valer uma vaga no segundo turno. Já é muita coisa para um partido que até seis meses atrás não tinha sequer um nome para disputar a prefeitura da capital e corria o risco de ser caudatário da candidatura de Edmilson, com quem hoje tem mais divergências que coincidências.
Segue a entrevista:

O último* candidato às prévias do PT a ser entrevistado pela Agência Norte de Notícias (ANN) é Cláudio Puty. Professor universitário, PhD em Economia, militante do PT desde 1988 e deputado federal, Puty se define como um petista que acredita que “a política e a militância socialista são as alternativas para construção de um mundo igualitário, fraterno e solidário”. Confira a íntegra da entrevista concedida por ele:

1- Porque a candidatura às prévias?
-Porque o partido tem que voltar a ocupar um espaço na cena política de Belém. Um partido de esquerda sem opinião tende a perder espaço junto ao coração dos eleitores. Nasci em Belém, sou o parlamentar do PT que obteve maior votação em Belém, com 29 mil votos; então acho que esses elementos todos criam condições para que a candidatura seja viável e possa representar uma contribuição ao partido.

2- O que o senhor irá mostrar de novidade em sua candidatura?
-A centralidade da política pública para a juventude em uma administração petista. Nossa juventude está entregue à marginalidade, ao tráfico, ao desalento e à desesperança. Portanto, precisamos de um verdadeiro PAC da juventude em Belém, ou seja, um conjunto integrado de políticas públicas que se desenvolvam em áreas prioritárias de nossa capital e que traga boas experiências de políticas para a juventude do governo federal e de outras capitais governadas pelo PT. As praças do PAC, o Pronatec, editais de cultura com recorte juvenil e muitas iniciativas do voluntariado jovem, políticas integradas e territorializadas são a contribuição de uma nova prefeitura do PT para Belém, que é uma cidade de população jovem.

3- Qual a sua perspectiva de votação nas prévias?
-Espero vencê-las por meio, até por um voto... E, mais importante até, é que o processo represente o fortalecimento da unidade partidária, mobilização da militância, correção de rumos programáticos, enfim, um passo decisivo para uma bela vitória vermelha em outubro.

4 - Como o senhor avalia os debates das prévias que acontecem desde o último dia 9?
-Têm sido fantásticos, com grande parte da militância, com o resgate de antigos filiados que não participavam mais de fóruns partidários, atração para a vizinhança dos lugares onde se realizam... Os debates têm sido uma verdadeira injeção de ar fresco no PT Belém.

5- O senhor acha que esta disputa interna pode enfraquecer a campanha de quem foi escolhido pela votação para disputar as eleições para prefeito?
-Antes de iniciar esses debates, houve temor de que o calor da disputa interna pudesse criar rancores irremediáveis entre os diversos grupos partidários. Felizmente, não é isso que tem ocorrido. A relação tem sido muito franca entre os grupos, um debate aberto, sincero e tolerante; esses são ingredientes para a repactuação interna do PT e a reconstrução de uma força política renovada em Belém com essas novas lideranças políticas representadas.

6- Caso seu nome seja escolhido para representar o partido nas eleições para prefeito deste ano, o senhor já tem um plano definido para a campanha?
-Quem irá definir os elementos do programa é o partido. Logo após as prévias, faremos uma rodada de negociações com bairros, entre outras coisas. Temos um sistema de debate em que aparecem pontos consensuais que devem ser tratados pelo futuro prefeito. A saúde, que está na UTI, é um desses pontos.
Precisamos reconstruir o sistema público de saúde, dando prioridade à atenção básica, esquecida pelo prefeito Duciomar. Apenas 8% são gastos com saúde básica em Belém, que é apenas a 16ª capital em gasto per capita com a saúde. Temos ainda a já mencionada preocupação com a juventude, que envolve políticas culturais, políticas de esporte, lazer, de educação e é a melhor contribuição que a prefeitura pode dar para segurança das famílias paraenses.
E finalmente, a questão da regularização fundiária, que inviabiliza o direito de morar ao fazer de nossas famílias mais pobres presas fáceis da especulação imobiliária. Temos vários outros temas; transporte, coleta de lixo, saneamento básico, os quais serão melhor delineados nos seminários de elaboração programática, após as prévias.

7- Qual o seu balanço do governo Duciomar?
-O governo Duciomar é provavelmente a pior gestão que Belém já teve. Em uma cidade de população majoritariamente pobre, ele faz um governo para ricos, por ação e por omissão.
Por omissão ao virar as costas para as políticas públicas do governo federal, que poderiam ser trazidas para nosso município, e deixar que se estabelecesse em Belém, em todas as esferas da administração municipal, uma lógica determinada pelas forças do mercado, não requerendo transporte alternativo, tendo leniência com os donos de empresas de ônibus e fazendo vista grossa à especulação imobiliária que expulsa as famílias mais pobres das áreas dos serviços públicos essenciais.
Por ação ao demonstrar na política a incompatibilidade entre a função e prefeito e a de gestor de grupos empresariais com interesse nos serviços públicos de nossa capital;

8- Nacionalmente, o PT se alia ao PMDB. Assim, é possível uma aliança já no primeiro turno com Priante?
- O PT definiu em seu encontro municipal que lançará um candidato próprio à prefeitura de Belém e essa é uma decisão, a meu ver, definitiva e acertada. Defendo que, nacionalmente, o PT se afirme como líder de um bloco de esquerda social e partidária, para que nós possamos garantir uma governabilidade transformadora para o governo Dilma e as eleições de 2012 são um ramal decisivo nesta disputa de rumos do nosso país. Portanto, sou favorável a que o PT priorize as relações com a esquerda em 2012. Quero ganhar as prévias pra ser candidato a prefeito. Não estou nelas para depois ser vice de alguém.

9- Que propostas o senhor tem para motivar a militância do PT?
-Eu acho que todos os candidatos lançados têm qualidade e legitimidade para bem representar o partido nas eleições de outubro. Eu defendo um PT forte, autônomo, alinhado com movimentos sociais e com os partidos de esquerda, para que possamos fazer um governo que realmente mude a vida da maioria das pessoas para melhor. Tenho tentado seguir esses princípios à risca na condição do meu mandato parlamentar e acredito que tenha sido, até o momento, bem-sucedido.
Portanto, tenho condições de defender, com experiência de militante, acadêmico, de gestão e parlamentar, o bom legado de nossos governos no município de Belém, no Estado do Pará e no Brasil, assim como fazer a defesa de um programa para mudar Belém e renovar a sua esperança.

*O candidato Fábio Pessoa, que seria nosso entrevistado de hoje (19), adiou por três vezes a entrevista com a ANN, razão pela qual não será mais entrevistado. Encerramos, assim, a série de entrevistas dos candidatos às prévias com o deputado Cláudio Puty.

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