Jatene, enfim, começa a voltar ao normal.
Durante o plebiscito, com medo de passar para a história como o cara que "perdeu" um Estado e principalmente, com medo de perder de vez os votos da Região Metropolitana de Belém, Jatene entrou como que num transe. Quem ousasse afirmar que o Parazão velho de guerra não tivesse recursos para, sei lá, socorrer a Europa em crise, logo era taxado de "esquartejador", "forasteiro", "bandido", "traidor" "quinta-coluna", "sabotador" e tantos outros epítetos tão lisonjeiros que tais. Sobravam riquezas nesta "Sentinela do Norte"!
"Oh, Pará, quanto orgulho em ser filho!", cantavam todos, entupidos de estupefaciente "orgulho de ser paraense".
Era o Pará da propaganda oficial de Jatene, a pregar a riqueza e a "pujança", contra o Pará da vida real campeão de casos de dengue, campeão em mortalidade infantil, campeão em número de favelas, campeão em crimes no campo e em trabalho escravo.
Agora, Jatene desencarnou o personagem de "Guardião Emérito da Maniçoba e Defensor Perpétuo do Tacacá"! Passado o plebiscito não há mais necessidade de tanto ufanismo, não é mesmo?
Então, tome-lhe realidade!
Ao mesmo tempo Jatene começa outro tipo de mistificação. Trata-se de "falar claramente" (ele sempre diz isso antes de tudo escurecer em suas palavras!), que o Parazão não tem o do cafezinho com tapioca e que precisamos "todos" selar um "Pacto pelo Pará".
Vejam lá o que disse o governador-cantor do Pará em seu programa de rádio na quinta (22) ao falar sobre a questão do tratamento e distribuição de água através da Cosanpa:
O governador fez questão de deixar claro que os projetos de melhoria executados nos 74 municípios são distintos. “Por exemplo, nos 14 municípios que receberão investimentos por meio do convênio assinado com a Funasa, iremos garantir o abastecimento de água em todas as áreas urbanas das cidades. Já nos outros 60 municípios, estamos expandindo o número de ligações, melhorando o serviço que já existe, enfim, o que não significa dizer que em todos eles manteremos essas características de atender todo o núcleo urbano. Não estou assumindo esse compromisso, até porque não temos realmente recurso para isso tudo, mas estamos melhorando, expandido ou implantando o abastecimento de água nessas localidades”.
É isso mesmo, queridos!
Jatene, aquele que dizia que "mãos" e "corações" seriam suficientes para nos garantir mais recursos, agora diz que "Não estou assumindo esse compromisso, até porque não temos realmente recurso para isso tudo"!
Mas vejam que o reconhecimento da falência do Parazão é apenas o começo de algo maior que Jataxa tem em mente. Leiam:
O governador ressaltou que a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) precisa passar por uma modernização para que possa oferecer um serviço de melhor qualidade à população. “A questão da água em Belém sempre foi um assunto sério. Entra governo, sai governo e a Cosanpa continua operando no vermelho. A receita das tarifas não cobre os gastos e o Estado sempre tem que destinar um dinheiro a mais para fechar a conta da Cosanpa.Segundo ele, um dos motivos para que a companhia opere no “vermelho” tem a ver com a defasagem da tarifa. “A tarifa também esta defasada, é preciso ter coragem de dizer isso.”.
Sabem o que significa isso?
Em uma palavra: PRIVATIZAÇÃO!
Isso mesmo, queridos, seus bolsos estão sob ataque especulativo por parte dos tucanos paraenses.
Não me oporia à privatização caso visse condições de fazê-la de tal sorte que, pagando, tivéssemos direito a um serviço de melhor qualidade. Ocorre que tucanos paraenses não aprenderam ainda a fazer privatizações. Vejam o caso da Rede Celpa e não precisamos mais discutir a matéria!
Quando um burocrata como Jatene fala em "modernização", na prática, ele está deixando claro que, na primeira oportunidade que tiver, passa a Cosanpa nos cobres e transfere a encrenca para terceiros interessados.
Privatizada, a Cosanpa é menos um transtorno para Jatene, que poderá pescar tranquilamente (tomando os devidos cuidados para não fisgar-se no próprio anzol!), deixando para a iniciativa privada a missão ingrata de elevar as tarifas às alturas e, claro, tornar-se campeã de reclamações no Procom.
Jatene não é menino. Tampouco nós o somos. Passado o susto do plebiscito (quando 1.200.000 eleitores disseram SIM a Carajás e Tapajós, NUNCA esqueçam disso!), a realidade de um estado falido precisa se impor.
Aqueles números ridículos para investimento divulgados aqui e em outros lugares, infelizmente são verdadeiros. O PARÁ NÃO TEM RECURSO PARA INVESTIR EM NADA!
É hora de fazer alguma coisa.
A Jatene não ocorre outra receita que não seja a combinação perversa de aumento e criação de novos impostos e taxas com a possibilidade de desfazer-se do patrimônio público.
Política de atração de investimentos não se fala! Recuperação da capacidade de investimento do Pará não se fala!
Mas, fala-se, e fala-se muito, sobre a nova política de Parcerias Público-Privadas do Estado do Pará, que tem todo jeitão de um belo cheque em branco dado pela sempre cordial Alepa ao governador-cantor do Pará. E acreditem: Em dadas circunstâncias, ouviremos falar também de privatização da Cosanpa. Estejam atentos e lembrem-se do que escrevi hoje.
Em tempo: A Cosanpa tem uma obra em andamento (melhor seria dizer "paramento") aqui em Marabá. Nada avançou desde julho, quando Jatene "vistoriou" a obra "estadual" feita, ao que consta, com dinheiro da Funasa. Alô, alô, Funasa e CGU! Que tal uma vistoria? Pode ser ou está difícil?
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