Vejam como é gasto o tempo e o dinheiro do contribuinte.
Depois de mais algumas mortes por conta de conflitos agrários este ano, o Senado instituiu uma comissão especial para "descobrir" as razões de "tanta violência". Era presidida pela bela acima na foto, a senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB do Amazonas.
Oh, surpresa das surpresas! Os nobres parlamentares "descobriram" que tudo decorre da "ausência do poder do Estado" e que a "impunidade" estimula a violência!
Realmente, uma descoberta digna de nota!
Depois de oito meses de "trabalho", inúmeras viagens, horas e mais horas de discussões inúteis, a comissão nos revela a luz e a verdade!
Tenham a santa paciência!
Espalhados pelas páginas deste blog e de tantos outros vocês poderão encontrar as afirmações e as provas que as corroboram no sentido de apontar o Estado omisso e ausente como o grande facilitador da violência na área rural, em especial no Pará. Poderiam ter lido o que escrevemos. Teriam poupado tempo e trabalho.
Quando defendo a criação de Carajás e Tapajós o faço exatamente dentro desta perspectiva. Entendo que é impossível, independente daquilo em que Jatene acredite, governar através de "teleconferência"!
Segurança pública se faz com polícia na rua, juízes nos tribunais e bandidos na cadeia! Mas, para que se tenha tudo isso são necessários recursos e recursos são escassos e mal direcionados pelo governo hiper-atrofiado da "metrópole" que destina tudo para Belém e nada para o "interior" (é assim que os membros da elite belenense se referem a Carajás e Tapajós)! Este ano tivemos a oportunidade de mudar essa realidade. Infelizmente o medo venceu a esperança, mas a semente foi lançada e, nunca se esqueçam disso, 1.200.000 eleitores disseram SIM à mudança!
Os senadores poderiam ter poupado tempo e dinheiro.
Ao invés disso, deveriam ter ido "em comissão" ao Supremo para exigir que dezenas de mandados de reintegração de posse no Pará sejam cumpridos ou decrete-se a intervenção federal no estado!
Poderiam ter ido "em comissão" ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e ao Incra para exigir que seja retomada a política de assentamentos do órgão e que seja dado destino às mais de 120 mil famílias que aguardam debaixo da "lona preta" uma solução razoável!
Deveriam ter ido "em comissão" ao Planalto falar com Dilma e dizer que a Lei Kandir esfola todos os dias o Estado do Pará e nos deixa sem recursos. Como se sabe, sem recursos é impossível prover segurança pública!
Queridos, escrever sobre a violência no campo sentado em um gabinete refrigerado em Brasília, devidamente acarpetado é muito fácil. Depois que desligar o computador e apagar a luz do gabinete os mortos serão apenas registros em um texto devidamente arquivado.
Difícil é quando os mortos são seus vizinhos e conhecidos. Homens e mulheres com nomes, rostos, famílias, sonhos, amores, projetos, enfim, com vidas que a omissão e a ausência do Estado roubaram.
Vivo na região de Carajás. Não preciso de um relatório dizendo que o Estado é omisso e que a impunidade incentiva a violência. Preciso é de soluções!
Infelizmente, eu e tantos outros não temos a opção de apagar a luz do escritório refrigerado. Fusquinha, Doutro, Euclides, Pimenta e tantos outros, de uma certa forma, caminham com a gente. Os nossos fantasmas estão sempre presentes dizendo que, tudo mantido como está, logo outros mais se juntarão a eles.
Leia abaixo a matéria da Agência Senado, publicada ontem (21):
Comissão do Senado diz que conflitos agrários na Amazônia ocorrem pela ausência do Estado
A comissão temporária externa do Senado criada para investigar conflitos agrários apontou em seu relatório que os conflitos agrários na região amazônica decorrem da ausência do poder do Estado e que a impunidade colabora para que mais crimes ocorram no campo. O relatório foi entregue hoje (21) ao presidente do Senado, José Sarney. A comissão foi formada depois de assassinatos de trabalhadores rurais ocorridos em maio, no Pará e em Rondônia.
No dia 24 de maio, o líder extrativista Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, foram assassinados em Nova Ipixuna (PA). Três dias depois, Adelino Ramos, conhecido como Dinho, foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Ele vinha denunciando a ação ilegal de madeireiros na região da tríplice divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia.
A presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que muitas áreas protegidas por lei ainda não têm a estrutura necessária para que a preservação ambiental seja uma realidade. Segundo a senadora, depois que a comissão visitou as regiões de conflito, o número de crimes diminuiu.
“Apesar das dificuldades, foi um trabalho importante e de muita emoção. Ao trabalhar a fiscalização, o Senado dá uma contribuição inestimável [ao país]”, disse a senadora.
O relator da comissão, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), defendeu a criação de uma rede de proteção aos trabalhadores rurais que impeça a criminalidade e colabore para mais qualidade da vida no campo.
No dia 24 de maio, o líder extrativista Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, foram assassinados em Nova Ipixuna (PA). Três dias depois, Adelino Ramos, conhecido como Dinho, foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Ele vinha denunciando a ação ilegal de madeireiros na região da tríplice divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia.
A presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que muitas áreas protegidas por lei ainda não têm a estrutura necessária para que a preservação ambiental seja uma realidade. Segundo a senadora, depois que a comissão visitou as regiões de conflito, o número de crimes diminuiu.
“Apesar das dificuldades, foi um trabalho importante e de muita emoção. Ao trabalhar a fiscalização, o Senado dá uma contribuição inestimável [ao país]”, disse a senadora.
O relator da comissão, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), defendeu a criação de uma rede de proteção aos trabalhadores rurais que impeça a criminalidade e colabore para mais qualidade da vida no campo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário