22 de novembro de 2011

Presidente da Vale critica setor siderúrgico nacional e cobra eficiência de novos diretores

Murilo Ferreira (ao lado) assumiu a presidência da Vale em maio deste ano e desde lá as coisas andam bem estranhas na companhia. Depois de dizer que precisava "desestressar" a empresa, Ferreira passou a fazer visitas-surpresas às plantas técnicas espalhadas por todo o País que deixam todos em grau 5 de ansiedade, substituiu diretores mais antigos e acabou afastando-se um bocado do Governo Federal. De "indicado" por Dilma para a presidência da Vale, Ferreira corre o risco de acabar saindo da relação de "cartões e presentes" da "chefa". Dilma cobra mais participação da Vale em investimentos que o governo considera "estratégicos" e para os quais a Vale, pressionada pela necessidade de remunerar bem seus acionistas, torce o nariz. A hidrovia Araguaia-Tocantins é um exemplo disso.
Murilo Ferreira anda um bocado "estressado" e nesta terça (22) criticou o "atraso" do setor siderúrgico brasileiro.
Ele também cobrou publicamente o "acerto" dos novos diretores-executivos da empresa que preside, um dia após o anúncio de reestruturação da diretoria.
A fala de Ferreira foi durante palestra para investidores da Apimec-MG (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), em Belo Horizonte.
Bastante questionado se a Vale vai entrar no mercado siderúrgico, para agregar mais valor ao minério que produz, Ferreira respondeu que não, mas não poupou críticas ao setor siderúrgico brasileiro --que, para ele, parou no tempo em relação a outros países.
"É com o coração contrariado que eu digo que as nossas siderúrgicas não investiram", disse ele, criticando o atraso tecnológico do setor. "Nossa siderurgia está perdendo dinheiro porque não investe há muito tempo, está defasada. Acho que as condições da siderurgia brasileira estão longe de ser do padrão que a gente observa lá fora."
Segundo ele, em 2005 a Vale fornecia 70% da matéria-prima usada na siderurgia nacional. Com a saída da Vale do controle da Usiminas e da CST, essa participação caiu ainda mais e hoje está em 50%. Ferreira disse que, em 2014, cairá para 29%.
Isso ocorre, segundo ele, por falta de investimento no setor --diferentemente do que acontece nos países asiáticos, como China e Coreia do Sul, a quem elogiou bastante, especialmente os chineses.
Mesmo dizendo que não é do negócio da Vale investir em siderurgia, ele deu tom de lamentação ao fato de a empresa que preside ter vendido a participação que tinha nas siderúrgicas. "A gente aprende", afirmou.
"Digo essas palavras é para balançar, para acordar, porque quero ver a indústria siderúrgica brasileira tão vibrante quanto a coreana e a chinesa. Minha geração quer ver a indústria siderúrgica brasileira voando."
Ao ser questionado sobre a primeira grande reestruturação da diretoria da empresa, com a troca de três executivos e redefinição de áreas, Ferreira disse que na próxima quinta-feira vai expor as razões para o conselho da Vale. Por esse motivo, disse que não poderia detalhar. Mas falou do seu descontentamento com o formato anterior, com a falta de clareza de tarefas que havia. E terminou cobrando eficiência.
"Uma coisa eu posso dizer: não gostava da estrutura que estava montada há quase dois anos. Ela não dava responsabilidade definida para quem tomava conta da área", disse Ferreira, para quem não se sabia com clareza de quem cobrar e exigir determinadas coisas, porque alguns setores estavam muito ligados a outros.
"Eu não gosto disso. Eu procurei dar estrutura de agilidade de negócio, mais simples, mais direta. Quem acertou, acertou, quem não acertou, precisa melhorar."
(Com informações da vale.com)

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