8 de novembro de 2011

"Isso aqui é um circo", diz Romário sobre reunião da Comissão da Copa na Câmara

Romário - "Isso aqui é um circo!"

Integrantes da comissão especial que analisa a Lei Geral da Copa criticaram o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke (ao lado), durante reunião realizada nesta terça (08) na Câmara dos Deputados.
O deputado Rui Palmeira (PSDB-AL) chamou Valcke de “arrogante” ao questioná-lo durante a reunião. O secretário-geral respondeu que sua função é apontar os problemas e fazer com que o evento seja realizado. “Não posso dizer que tudo está correto quando não está”, afirmou.
Palmeira também classificou a Lei Geral de texto “subjetivo e mal redigido”. Ao responder, Valcke foi irônico. “É um elogio muito bom.” Depois, afirmou que o texto foi feito em conjunto com o governo brasileiro.
Romário (PSB/RJ) interpelou o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jerome Valcke, sobre uma carta do presidente da entidade, Joseph Blatter. Na carta, cuja cópia foi entregue à comissão, Blatter acusa Valcke de “chantagista”.
Romário disse que cópia dessa carta também foi entregue à presidente Dilma Rousseff. O parlamentar quer saber por que Blatter chamou Valcke de volta, seis meses depois de demiti-lo da Fifa, em 2001, por causa de problemas com a empresa de cartão de crédito Mastercard, uma das patrocinadoras da entidade na época.
 A carta, segundo Romário, foi trazida a público pelo jornalista inglês Andrew Jannings, autor de um livro sobre corrupção na Fifa e que foi ouvido no mês passado na Comissão de Educação, Esporte e Cultura do Senado. Aos senadores, o jornalista reafirmou as denúncias contra a cúpula da Fifa e autoridades do futebol brasileiro. Romário perguntou a Valcke se Blatter o readmitiu na Fifa "por ter medo dele".
O secretário-geral da Fifa respondeu que o caso Mastercard "é uma cruz que carrega como uma pena" e que a levará "até o fim da vida”, mas não entrou em detalhes. Disse apenas que tudo "está superado há muito tempo". Também em relação à carta de Blatter, ele disse que não nega o fato, mas que não quer entrar em discussão sobre o assunto para não "chocar ninguém”. Reconheceu, porém, que o assunto é um dos temas da campanha do jornalista Andrew Jannings contra a Fifa.
As respostas de Valcke motivaram um bate-boca entre Romário e o presidente da Comissão, Renan Filho (PMDB-AL), que não permitiu novas perguntas do ex-jogador, insatisfeito com as as respostas de Valcke.
“Se abrir a palavra novamente para o senhor, vai ter que abrir para os demais deputados”, disse Cândido a Romário. “Isso aqui é um circo”, afirmou Romário.
Outro alvo das denúncias de Jannings, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa, Ricardo Teixeira, também foi arguído por Romário. O deputado queria explicações sobre um processo que corre na Justiça da Suíça no qual o dirigente brasileiro é denunciado por “recebimento de propina de US$ 10 milhões da empresa de marketing ISL”, segundo apuração do jornalista inglês. A empresa ISL faliu e a Fifa teria feito, segundo o livro de Jannings, um acordo com a Justiça suíça para que o nome de Ricardo Teixeira não fosse divulgado.
Em resposta a Romário, Ricardo Teixeira desqualificou o acusador. Disse que, na audiência pública da Comissão de Educação, Esporte e Turismo do Senado, Andrew Jannings foi citado por um oficial de Justiça brasileiro em um processo por calúnia que o dirigente move contra o jornalista inglês no Brasil. “Tentei várias vezes processá-lo na Inglaterra, mas foi impossível citá-lo porque ele não tem endereço e emprego fixos”, disse Teixeira.
Insatisfeito com a resposta, Romário interrompeu várias vezes a reunião, causando irritação ao relator da Lei Geral, deputado Vicente Cândido (PT-SP).
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), afirmou que algumas das exigências da Fifa são “inaceitáveis”. Segundo ele, “o Brasil não pode se encolher e se agachar diante de uma entidade privada internacional e seus sócios nacionais”.
Valente afirmou ainda que o Brasil “tem legitimidade e história e deve organizar a Copa de acordo com as prioridades nacionais”.
Valcke defendeu a venda de bebida alcóolica nos estádios. “Não vou assumir nenhum compromisso de que o álcool não seja vendido nos estádios”, disse.
De acordo com o secretário-geral da Fifa, a venda de bebida nos estádios foi um dos compromissos assumidos pelo Brasil para ter o direito de sediar a Copa.
Proibida nos estádios por uma norma da CBF, a venda de bebidas é uma das exigências feitas pela Fifa ao governo brasileiro para a realização da Copa de 2014 no Brasil. Valcke disse que a venda controlada nas copas da Alemanha e da África do Sul não causou nenhum problema.
(Com informações da Agência Câmara, G1 e Portal ORM)

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