Andreyza Jesus Dias Teixeira, lotada na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Ananindeua, na região metropolitana de Belém, teve uma poesia de sua autoria classificada para fazer parte de um livro que será lançado brevemente em todo país. Escritora nata, a delegada não perdeu a oportunidade de inscrever sua poesia intitulada "A Ilha" no Prêmio Poesia Agora Verão 2019 promovido pela Editora Trevo.
O trabalho literário da policial civil foi classificado após uma seleção que envolveu mais de três mil trabalhos inscritos por poetas de todo Brasil. Os textos inscritos no concurso literário foram analisados por uma comissão profissional responsável em avaliar todas as poesias inscritas. Com o nome artístico de Yza Dorian, a delegada de Polícia Civil Andreyza Teixeira agora terá sua obra publicada.
Formada em História em 2000, ela passou no concurso para delegada de Polícia Civil, em 2014. Já atuou nas Delegacias de Cametá, Mocajuba e Abaetetuba. Atualmente faz parte do quadro da Diretoria de Atendimento à grupos vulneráveis da Polícia Civil do Pará.
O site, através do Assessor de Comunicação da Polícia Civil, Walrimar Santos, conseguiu entrar em contato com Andreyza para uma rápida entrevista. Ela conta que escreve desde a adolescência. "Inicialmente pequenas poesias no diário. Desabafos. Relatos do meu dia a dia", conta a delegada, um caminho percorrido por quase todos os escritores.
Leitora voraz, Andreyza logo entrou em contato com os grandes da literatura e autores como Álvares de Azevedo, Fernando Pessoa, T.S.Eliot, Maiakovski, Caio Fernando Abreu, Florbela Espanca, Pablo Neruda passaram a ser fontes de inspiração.
Sem fugir às raízes da poética latina, em suas poesias Andreyza costuma falar de amor e suas diversas manifestações. "Gosto muito de temas relacionados ao amor: amores impossíveis, não realizados, corações partidos e amores que de alguma forma foram concretizados", explica.
Apesar de já escrever há tempos, Andreyza ainda não publicou seu primeiro livro. "Nunca publiquei nada antes de forma oficial. Seria um sonho realizado ter um livro de poesia publicado", afirma.
Perguntamos como poesia e atividade policial - quase sempre relacionada à violência - podem se relacionar. Andreyza aponta para uma certa complementariedade. Vivendo entre as dores próprias e alheias, a literatura é capaz de ser uma espécie de bálsamo e saudável válvula de escape.
"A poesia tem um significado especial para mim. Me ajuda a lidar com meus problemas e sofrimentos. E acredito que escrever me ajude a lidar com os problemas e dilemas humanos que aparecem em uma delegacia", diz Andreyza.
"Tanto a leitura quanto a escrita me transportam para um outro lugar. A violência é algo real e que sempre nos cerca em nossa atividade. A poesia suaviza toda essa aspereza da vivência diária", complementa.
Andreyza conta que tem várias poesias que gostaria de publicar. "Isso seria um sonho. Já tenho até um título para esse futuro livro. Espero que um dia esse sonho se realize", afirma.
Andreyza conta que tem várias poesias que gostaria de publicar. "Isso seria um sonho. Já tenho até um título para esse futuro livro. Espero que um dia esse sonho se realize", afirma.
"Acho que precisamos de poesia na nossa vida", finaliza. Alguém ousaria discordar de Andreyza?
A ILHA
Dentro de teus abraços
Se perdem meus pesares
Nos teus pés residem meus desejos e pecados
Nesses teus pés, que de tão brancos me cegam
E me seguem por entre labirintos
Nos trilhos dos meus sonhos
Te sigo por entre rios como quem procura um porto
Jogo minha âncora no teu olhar
E mergulho no mar da tua pele
E afundo,
E vou cada vez mais fundo,
Perseguindo teus lábios
Esses lábios que não me dizem nada
Aguardo numa ilha
O que há de sólido na areia que piso?
Nada
Somente a brisa de um momento perdido
A revoada de pensamentos
A chuva de sensações
Somente a esperança de um encontro
Uma virada de mesas
Uma jogada do destino
Uma atitude
Minha?
Sua?
Não sei
Só sei que ela nunca vem.
E o que tenho?
Nada.
Não há flores e nem ondas nesta ilha
Não há sentimentos vindo em minha direção
Eu quero amor.
Não me dê afagos,
Eu quero amor.
Não me chame de outra coisa que não seja “meu amor”.
Eu quero amor.
Daqueles de cegar a pele
De emudecer os medos
De enrubescer os desavisados e tímidos
E de tocar o infinito
Eu quero amor.
Mergulha, então, comigo.
ATUALIZAÇÃO:
Por um lapso do site, deixamos de publicar a poesia vencedora. Reparando o equívoco, leiam-na a seguir:
A ILHA
Dentro de teus abraços
Se perdem meus pesares
Nos teus pés residem meus desejos e pecados
Nesses teus pés, que de tão brancos me cegam
E me seguem por entre labirintos
Nos trilhos dos meus sonhos
Te sigo por entre rios como quem procura um porto
Jogo minha âncora no teu olhar
E mergulho no mar da tua pele
E afundo,
E vou cada vez mais fundo,
Perseguindo teus lábios
Esses lábios que não me dizem nada
Aguardo numa ilha
O que há de sólido na areia que piso?
Nada
Somente a brisa de um momento perdido
A revoada de pensamentos
A chuva de sensações
Somente a esperança de um encontro
Uma virada de mesas
Uma jogada do destino
Uma atitude
Minha?
Sua?
Não sei
Só sei que ela nunca vem.
E o que tenho?
Nada.
Não há flores e nem ondas nesta ilha
Não há sentimentos vindo em minha direção
Eu quero amor.
Não me dê afagos,
Eu quero amor.
Não me chame de outra coisa que não seja “meu amor”.
Eu quero amor.
Daqueles de cegar a pele
De emudecer os medos
De enrubescer os desavisados e tímidos
E de tocar o infinito
Eu quero amor.
Mergulha, então, comigo.
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