30 de novembro de 2018

Mais Médicos alcança 99% de inscrições. 19% dos inscritos já estão trabalhando, mas quase todos nas capitais


O Ministério da Saúde (MS), divulgou no início da tarde desta sexta-feira (30), mais uma atualização do processo de reposição dos médicos cubanos no Programa Mais Médicos. Segundo o Ministério, 99% das vagas ofertadas foram preenchidas e 1.644 (19,7%) médicos já se apresentaram para trabalhar nas cidades escolhidas. Segundo o MS, 53% escolheram municípios considerados "vulneráveis".

Mas, o MS reconhece que enfrenta dois problemas e os gestores municipais de saúde estão cada vez mais preocupados..

Mais da metade dos que já se apresentaram, escolheram as capitais e regiões metropolitanas como área de atuação. Daqueles que escolheram os municípios mais vulneráveis menos de 20% se apresentou para trabalhar.

Entretanto, é sempre bom lembrar que o prazo para apresentação dos médicos em seus respectivos locais de trabalho vai até o dia 14 de dezembro e que até lá espera-se que todas as vagas estejam preenchidas e o atendimento seja normalizado.

Os cubanos atuavam em 2.824 municípios, mas destes 1.600 tinham exclusivamente médicos cubanos e são justamente estes municípios - mais pobres e carentes - que estão quase todos sem cobertura de saúde pública.

Para tornar o quadro um pouco mais complicado, 40% dos médicos inscritos e aprovados neste edital do Programa Mais Médicos já eram servidores do SUS. Assim, deixarão seus postos em outros órgãos da Saúde Pública para, eventualmente, ganhar mais no Mais Médicos ou vão constituir o chamado "duplo vínculo" trabalhando, ainda que de forma irregular, em outra esfera da saúde no mesmo município ou em um município vizinho.

A maior preocupação para os gestores de saúde nos municípios virá depois do dia 14. Uns haverão de reclamar da falta de médicos e outros pelo fato de que, tendo visto as condições de vida e trabalho no interior, muitos médicos haverão de simplesmente abandonar o cargo e outros tentarão barganhar com os gestores "vantagens" extras para permanecer no município. Antes dos cubanos, essa novela foi vista muitas vezes nos pequenos municípios.

Ao final, a população dos municípios mais pobres já paga pela incontinência verbal do presidente eleito Jair Bolsonaro que deu origem à crise com Cuba e, antes mesmo de tomar posse, já causa prejuízos aos mais pobres. Para ele, ao que parece vale mais "combater o comunismo" (?), que garantir o mínimo em saúde.

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