23 de novembro de 2015

Brasil - Propina era paga em todos os grandes contratos da Petrobras, diz Sérgio Moro

Moro - Pregando no deserto contra a corrupção
Sérgio Moro, o juiz que está á frente dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato e faz tremer as bases do governo petista, não anda nada otimista. Durante uma palestra hoje (23), em São Paulo, no Fórum Nacional de Editores de Revistas, Moro alertou para o fato de que nenhuma resposta institucional foi dada no sentido de conter a corrupção no País, apesar das investigações terem mostrado “indícios de corrupção sistêmica, profunda e penetrante no âmbito da administração pública” do país. "É uma voz pregando no deserto", disse Moro ao se referir à Lava-Jato.

“No caso da Petrobras, por exemplo, há indícios que todos os grandes contratos envolviam o pagamento de propina. O nível de deterioração da coisa pública é extremamente preocupante”, disse. “A quantidade de pessoas nas ruas revelou insatisfação e não tivemos respostas institucionais mais relevantes”, acrescentou.

Para o juiz, a corrupção não será exterminada por operações como a Lava Jato ou por ações com a Penal 470 (processo do mensalão), mas com mudanças nas instituições. “Não vai ser a Operação Lava Jato que vai resolver o problema da corrupção no país. Não serei eu que resolverei isso. Não foi a Ação Penal 470 que resolveu o problema da corrupção no Brasil. Mas o que nós, como cidadãos, vamos fazer a partir de agora? Para isso, precisamos ter melhora nas nossas instituições, e não vejo isso ocorrendo de forma alguma”, disse.

Durante a palestra, Sérgio Moro abordou o papel investigativo da imprensa. O juiz defendeu a publicidade da Operação Lava Jato, segundo ele, garantida pela Constituição Federal.

“A democracia e a liberdade demandam que as coisas públicas sejam tratadas de forma pública. A Constituição deu uma resposta bem clara de que a publicidade tinha que ser ampla. Com a ressalva, no processo penal, de que temos resguardado sigilo quando há prejuízo à investigação”. Segundo Sergio Moro, não se pode falar que houve vazamento durante a operação. “Não se pode falar de vazamento quando o processo é público”, afirmou. (Com informações e imagem da EBC).

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