22 de setembro de 2014

Descortesia e agressividade desnecessárias são marcas nas entrevistas da Globo com presidenciáveis

Nesta segunda-feira (22), o Bom Bia Brasil começou sua nova rodada de entrevistas com Dilma. Nos próximos dias, Marina e Aécio também serão questionados. Na entrevista de hoje ficou mais uma vez muito claro que os jornalistas da Globo precisam aprender a diferença entre rigor e descortesia no trato com políticos. As entrevistas promovidas pela emissora em seus telejornais se tornaram espaço para exibicionismo por parte dos apresentadores.
Algumas perguntas são pertinentes, mas é realmente irritante a tendência - iniciada por Willian Bonner no JN - em cortar constantemente as respostas dos candidatos. Todos parecem ter sido instruídos a comportarem-se igual a Jô Soares. O Gordo tem a mania de formular a pergunta ao entrevistado e ele mesmo responder, quase sempre contando um "causo" do qual foi protagonista. É chato por demais.

Temos grande entrevistadores na imprensa nacional. Lembro rapidamente de Geneton Moraes Neto e Marília Gabriela. Ambos conseguem extrair o máximo de seus entrevistados, sem ceder à tentação de beatificá-las. Infelizmente, não parecem servir de exemplo aos apresentadores globais. Agressivos, inconvenientes e descorteses, erram também. Hoje, Miriam Leitão teve que ser corrigida por Dilma ao citar taxas de crescimento de forma equivocada.
Os espaços de entrevistas são ótimos, pena que sejam pessimamente usados pelos entrevistadores.
A entrevista
No todo, Dilma saiu-se bem, apesar de obviamente ter dificuldades em controlar a irritação e concatenar de forma exata as frases. Dilma acabou mostrando mais segurança e conhecimento técnico ao falar de assuntos espinhosos como Petrobras, crise internacional, independência do Banco Central e as grandes mudanças em educação realizadas no país durante seu governo.
Sobre o combate à corrupção, Dilma ressaltou a autonomia da Polícia Federal. "A Polícia Federal hoje tem autonomia, houve épocas que ela não teve. Antes do governo Lula, a PF não saía por aí investigando o que lhe passasse pela cabeça. Hoje, se a Polícia Federal tiver indício, ela pode investigar. Doa a quem doer, nós não varremos para baixo do tapete nenhuma das investigações", disse.
Além disso, Dilma lembrou que foram tomadas diversas providências, como dar o estatuto de ministério para a Controladoria-Geral da União (CGU). "Não basta só investigar, tem que punir. Se você não punir, você está protegendo a corrupção", afirma. Sobre as investigações a respeito da Petrobras, Dilma afirmou que foi uma surpresa saber dos atos do ex-diretor Paulo Roberto Costa. "Se eu soubesse que ele era corrupto, ele estava imediatamente demitido. Eu não compactuo, não compactuei e jamais compactuarei na minha vida com práticas de ilícito e práticas criminosas de corrupção. Eu tenho uma trajetória política que mostra isso".
Tentaram acusar Dilma de fazer "política do medo" em seu programa eleitoral de TV, em relação às propostas de Marina Silva. A presidnete que tudo que foi dito está no programa de governo da candidata do PSB. "Ela diz que vai reduzir o papel dos bancos públicos. Quero saber como é que vão financiar a infraestrutura no Brasil. Diz também que vai tornar o Banco Central independente. E Banco Central independente, nos termos do Brasil, é simplesmente colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes", explica. Para a presidenta, a candidata Marina Silva possui lado bem definido. "Ela (Marina) tem um alinhamento claro, tem uma posição favorável aos bancos. Eu não tenho. Acho que os bancos são importantíssimos, mas sei que o país precisa de infraestrutura, as pessoas precisam de casa própria", acredita Dilma, que lembrou que são os subsídios dos bancos públicos que asseguram obras de mobilidade e programas como o Minha Casa Minha Vida e o Plano Safra.
Sobre a crise internacional, a presidenta defendeu que estamos em uma situação em que o Brasil está na defensiva da crise, protegendo emprego, salário e investimento. "O Brasil tem uma das menores dívidas do mundo. Não temos flanco externo, o mundo pode ter flutuações e nós não quebramos. Não só por reservas, mas porque recuperamos as condições de produção".
A presidenta lembrou ainda dos recordes de produção da Petrobras, que atingiu o recorde estável de 2 milhões e 300 mil/dia, e o recorde na produção do pré-sal, com 530 mil barris/dia. "Toda essa investigação sobre a Petrobras não compromete o ritmo de crescimento da sua produção nem o desenvolvimento do pré-sal", garantiu Dilma.
Sobre educação, Dilma lembrou de conquistas como a garantia de 75% dos royalties e 50% do fundo do pré-sal destinados à educação. "Estamos investindo em educação muito mais do que era investido anteriormente. Com isso, vamos melhorar o ensino básico, fazer creches, alfabetização na idade certa e ensino em tempo integral". Ela destacou ainda o salto de 3,5 milhões parar 7 milhões de estudantes universitários, dos 8 milhões de alunos matriculados em ensino técnico e a construção das 436 escolas técnicas no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário