23 de setembro de 2014

Áudio de filha de Jatene é autêntico, diz perito. Campanha do governador pode ter acrescido frase para "proteger" Izabela

Neste sábado (20), foi divulgado áudio no qual Izabela Jatene, filha do governador Simão Jatene, solicita à Sefa uma lista com as 300 maiores empresas paraenses. Os tucanos acusaram o jornal Diário do Pará de manipular a peça, mas perícia mostra que o áudio é autêntico.
Segundo Izabela diz na gravação, o objetivo de ter acesso a essas informações sigilosas seria "pegar um dinheirinho" dessas empresas. A destinação do "dinheirinho" não é explicitada, mas o mero pedido já é indício de crimes de concussão e quebra de sigilo fiscal. Além desses crimes, o funcionário da Sefa que forneceu as informações teria cometido o crime de corrupção passiva.
A campanha de Jatene não apenas tentou desqualificar a gravação, como afirmou que a quebra de sigilo teria o abjetivo de escolher empresas que tivessem interesse em fazer parcerias com o programa Pro-Paz, coordenado por Izabela.
Para azar de Jatene, a autenticidade da gravação foi atestada por Ricardo Molina, da Unicamp, considerado um dos maiores peritos do Brasil. Molina assinou laudo dizendo que “não foi encontrado, ao longo da gravação periciada, nenhum indício de manipulação fraudulenta, podendo a mesma ser considerada autêntica para todos os fins periciais”.
Na versão divulgada pelo programa de Jatene foi incluída a frase “para financiar o Pro Paz”, que não aparece na gravação original.
O programa eleitoral de Simão Jatene, que foi ao ar ontem (22) tentou desqualificar a gravação divulgada pelo Diário do Pará com exclusividade na sua edição de domingo, afirmando que ela havia sido manipulada e defendeu Izabela Jatene, apresentando uma montagem no trecho da conversa na qual não se consegue entender o que ela diz.
O laudo do perito Ricardo Molina, datado do último dia 19, desmonta a versão de que o DIÁRIO teria feito manipulação ou qualquer tipo de fraude na gravação. Os exames de identificação de voz executados por Molina foram realizados com sofisticada aparelhagem, capaz de identificar quaisquer indícios de fraudes ou manipulações, por menores que sejam. Nada foi constatado.
Considerando ser verdadeira a gravação e que não houve fraude ou manipulação, Izabela Jatene precisa explicar agora se recebeu a lista, quais as empresas abordadas, quanto cada uma delas entregou á filha de Jatene e onde foi parar o “dinheirinho” que ela pretendia buscar nas 300 maiores empresas do Estado.
O Diário do Pará lembra que, de acordo com os dados divulgados no Portal da Transparência, no Siafem ou no Balanço Geral do Estado de 2011, não há qualquer registro de doações de empresas para as contas do programa Pro Paz ou para as secretarias que participam do programa.

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