6 de agosto de 2013

Dilma erra ao falar em priorizar enfrentamento à violência contra "jovens negros".

Vejam lá o que diz a Agência Brasil, hoje (6), falando sobre a solenidade de sanção do Estatuto da Juventude. Comento logo depois:
"Durante a sanção do Estatuto da Juventude, que estabelece direitos para jovens entre 15 e 29 anos, a presidente Dilma Rousseff disse que o enfrentamento da violência contra jovens negros será umas das prioridades na implementação do projeto. “Temos de construir, dentro desse novo estatuto, as trincheiras para lutar contra a questão da violência indiscriminada contra jovens negros e pobres”, disse em discurso durante a cerimônia de assinatura nesta segunda-feira (5).
“Eu considero que esse é o nosso tema prioritário, e quero que seja o centro da questão nesse universo que abrange a juventude do país, que corta todo o país, e está em todas as periferias, em todas as regiões”, acrescentou.
A presidente classificou a violência contra jovens negros da periferia como a “manifestação mais forte da desigualdade” no Brasil. “Ela mostra um lado da nossa sociedade com o qual não podemos conviver pacificamente. É o ato mais perverso”, avaliou. Antes do discurso, a presidente recebeu de um grupo de artistas e ativistas do movimento negro uma carta com reivindicações da população jovem das periferias brasileiras.

Comento:
Não assisti ao vivo a solenidade presidida por Dilma. Tendo realmente falado o que a Agência Brasil disse que falou, então deveria ter pensado melhor.
O problema não é enfrentar a violência contra "jovem negro". O busílis é enfrentar a violência. Ponto final.
É esta violência que vitima, em sua maioria, jovens pobres - independente da tez.
Basta ver o Mapa da Violência. As manchas criminais crescem em bairros da periferia das grandes cidades, vitimando homens, de 16 a 24 anos, sem ocupação definida ou subempregados.
Desde as condições precárias de moradia - envolvendo aí iluminação pública, saneamento e asfalto - educação e lazer, tudo colabora para que os mais pobres sejam as maiores vítimas - e algozes na guerra civil não-declarada que vivemos nas grandes e médias cidades do País. Esta realidade não é estabelecida a partir de parâmetros "étnicos". Esta realidade é estabelecida a partir de parâmetros socioeconômicos   
Nada é mais estúpido que criar esta clivagem entre "raças". Já disse aqui no blog, lembrando Nelson Rodrigues, que, para o mal ou para o bem, formamos a maior raça de vira-latas do planeta. Somos frutos da miscigenação e tentar estabelecer um discurso "de raça" é bobagem.
A verdadeira luta precisa ser contra a violência, esteja ela revestida de branco, preto ou azul.
Antes que esqueça: por incrível que pareça, Dilma acabou tratando a todos de forma igual, ao vetar o artigo que previa o direito à meia passagem em ônibus interestaduais a jovens estudantes. Negros ou não, todos tiveram negado o direito à tarifa especial. 

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