O encontro tem por objetivo familiarizar os eleitos com a rotina decorrente de problemas crônicos causados pela combinação explosiva de enormes demandas e orçamentos reduzidos. Representantes da Controladoria Geral da União, do Incra e dos Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios participam do evento que se estende até a quarta-feira (29) no hotel Golden Ville.
Mas, os assuntos "extra-pauta" é que deverão ser os mais atraentes. Os prefeitos deverão discutir temas polêmicos como a relação com o Governo do Estado, as eleições da Amat-Carajás e até mesmo os desdobramentos do processo de criação do Estado do Carajás.
Entre os novos prefeitos a maioria apresentou-se como opositora à política de Simão Jatene para a região e defensores de Carajás. Todos sabem que os eleitores cobrarão medidas concretas que resolvam ou amenizem as mazelas cotidianas, mas também estarão atentos aos grandes temas.
Neste jogo de xadrez em que transformou-se a política na região do Carajás, um dos posicionamentos mais aguardados é o do prefeito de Marabá João Salame, anfitrião do encontro.
Depois de costurar uma amplíssima aliança que vai do PPS ao PT, contando ainda com o PMDB, PV e PDT, Salame conseguiu derrotar com folga o candidato de Jatene, o deputado estadual Tião Miranda. Agora, a expectativa é que, sob a direção de Salame, Marabá torne-se uma das "prefeituras-vitrines" do Governo Federal, recebendo investimentos significativos e projetando o PT e seus aliados como alternativa viável de poder ao governo do Pará em 2014. A aproximação com Salame é vista com bons olhos pela direção nacional do PT e pela cúpula do Governo Federal, que identifica no prefeito de Marabá o perfil que espera de seus futuros candidatos: relativamente jovem, mas como experiência política, empreendedor e ficha-limpa.
Por outro lado, a posição de Jatene pode fragilizar-se ainda mais. Governando de costas para Carajás, Jatene não terá qualquer obra relevante a exibir na região e até seus aliados podem lhe causar problemas. Tião Miranda (PTB), mesmo derrotado em Marabá, vem exigindo maior participação no poder estadual e quer controlar todos os ambicionados cargos comissionados em Marabá e em diversos outros municípios. A ofensiva de Tião pode ter o efeito colateral de afastar definitivamente da base de Jatene partidos importantes como o PMDB e criar fissuras com o PSDB na região, comandado pelo deputado federal Wandenkolk Gonçalves.
Uma ótima oportunidade para articulação de uma oposição que consiga pensar estrategicamente para além de uma eleição.
Por tudo isso, o seminário de Marabá, que poderia ser apenas um convescote entre os eleitos, tem potencial para ser o embrião de um movimento organizado, conduzido pelos prefeitos da região de Carajás, no sentido de exigir que Jatene cumpra seu dever constitucional, deixe de ser o "governador de Belém" e assuma suas responsabilidades com o Pará.
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